Dietas: ganhar e perder peso pode fazer-lhe mal

Perder peso é fácil, difícil é mantê-lo. E andar constantemente a perder e ganhar quilos não dá saúde a ninguém.

Depois de um mês ou dois de sacrifícios para perder cinco quilos, ataca o chocolate e os gelados forte e feio no mês seguinte e aumenta sete. Depois faz uma nova dieta que viu no blogue de alguém e perde seis quilos, mas recupera sete passados dois meses, altura em que inicia nova dieta com refeições compradas com a qual perde quatro quilos em 15 dias.

Este é o filme da vida de muita gente que luta contra os quilos a mais, as chamadas dietas ioiô – porque o peso ora sobe ora desce, mas raramente se mantém.

No fim de o peso baixar, a ânsia e o desejo – naturais – de retomar uma alimentação mais variada e de voltar a comer os alimentos «proibidos» fazem o peso voltar a subir.

A culpa é quase sempre de dietas demasiado restritivas: dietas só com sopas, só com líquidos ou com zero hidratos de carbono ou açúcares são suportáveis quinze dias ou um mês, mas ninguém aguenta tanta restrição para sempre.

No fim de o peso baixar, a ânsia e o desejo – naturais – de retomar uma alimentação mais variada e de voltar a comer os alimentos «proibidos» fazem o peso voltar a subir.

A explicação para este efeito, concluiu um estudo da Universidade de Melbourne, publicado em 2014, no The New England Journal of Medicine, pode estar no desequilíbrio hormonal que estas dietas provocam, com efeitos a longo prazo.

Por muita força de vontade que haja, as pessoas acabam por perder sempre a luta contra as indicações bioquímicas do próprio corpo, que lhes diz para comer mais. Esta é uma das razões pelas quais não se deve «passar fome» a fazer dieta.

A perda rápida de peso altera a produção de várias hormonas no organismo, nomeadamente a inibição da leptina – que é responsável pela saciedade – e o aumento da grelina – conhecida como a hormona da fome. Esta é uma das razões pelas quais não se deve «passar fome» a fazer dieta.

Mesmo após um ano de dieta restritiva, os investigadores descobriram que os valores normais destas e de outras substâncias ainda estavam alterados. E, por muita força de vontade que haja, as pessoas acabam por perder sempre a luta contra as indicações bioquímicas do próprio corpo, que lhes diz para comer mais.

Esta é uma das razões pelas quais não se deve «passar fome» a fazer dieta. E cada vez mais a investigação aponta para uma visão de contínuo, com uma dieta sustentável, e não de «fases», que vai acabar por desencadear mecanismos de compensação e uma desinibição alimentar, ou seja, períodos de ingestão descontrolada.

DO MAL O MENOS?

O investigador na área da obesidade norte-americano David Allison é das poucas vozes tolerantes em relação às dietas ioiô.

Defende que, apesar de tudo, é preferível um ciclo de ganho e perda de peso que ajude a controlar a obesidade, em vez de não fazer nada e deixar-se engordar.

Os métodos de emagrecimento muito restritivos, defende o especialista, aproximam as pessoas de um peso mais saudável, ainda que voltem a afastar-se disso.

O cientista defende ainda que nos estudos que conduziu com ratinhos de laboratório as dietas repetidas pareceriam não causar grande mal aos animais, já que os que fizeram dietas restritivas, sofrendo oscilações frequentes de peso, viveram mais tempo do que os que ficaram obesos. O que o leva a defender que este tipo de dietas são um mal menor se comparadas com a obesidade.