Texto de Filipa Neto
Há uma década que Romeo, conhecido como o último sapo representante da espécie “aquático-de-sehuencas” (Telmatobiu Yuracare), vivia sozinho num aquário do Museu de História Natural Alcide d´Orbignyda, na Bolívia. Agora, biólogos da instituição encontraram uma fêmea exatamente da mesma categoria animal numa cascata da região.
Após confirmarem que Julieta, assim batizada, não continha o fungo “Batrachochytrium dendrobatidis”, que tem vindo a ameaçar diversas espécies anfíbias em todo o mundo, colocaram-na no aquário de Romeo, com o intuito de procederem ao acasalamento. E aconteceu o primeiro encontro entre os dois. Romeo começou por cantarolar para a fêmea, mas rapidamente parou. Os cientistas temeram que fosse demasiado velho para a reprodução. Contudo, após algumas análises, recearam que o sapo não soubesse acasalar.
Os dias vão passando e as dúvidas continuam. Os investigadores tentam perceber com mais rigor os rituais de acasalamento e se os ovos serão reproduzidos em plantas ou em rochas. Caso a natureza não esteja a favor de Romeo e Julieta, a equipa responsável pelo processo pretende usar técnicas de reprodução assistida e conservar o esperma do sapo, de modo a evitar que a espécie se extinga.
Para os mais curiosos, é possível acompanhar, todas as quartas-feiras, a evolução do romance mais mediático da Bolívia, através da transmissão em direto na página do Facebook da instituição.
Publicado por Global Wildlife Conservation em Quarta-feira, 3 de abril de 2019