Stewart Adams, pai do Ibuprofeno, morreu aos 95 anos e, além da importante herança profissional, deixou uma história de vida especial.
Stewart Adams morreu no dia 30 de janeiro aos 95 anos. Para muitos, o nome pode ser desconhecido, mas trata-se do farmacêutico inglês responsável pelo desenvolvimento do Ibuprofeno. Desde a aprovação até à comercialização, há mais de 50 anos, o medicamento tornou-se um dos mais bem-sucedidos no mundo dos anti-inflamatórios.
A popularidade do fármaco reside no facto de possuir um largo espetro de atuação (febre, dor de cabeça, dor de dentes, entre outras doenças), ser eficaz, rápido e de, em muitos países, poder ser comercializado sem receita médica.
Stewart Adams começou por ser aprendiz na farmácia Boots, em Nottingham. O gosto e a experiência levou-o a tirar uma licenciatura e um doutoramento na área, antes de retornar, em 1952, ao departamento de pesquisa da farmácia onde começou a trabalhou aos 16 anos.
O farmacêutico procurava uma alternativa à Aspirina, que, apesar de ter sido muito usada na época como analgésico, foi caindo em desuso, graças ao elevado risco de provocar efeitos secundários devido às elevadas dosagens administradas.
Stewart Adams formou uma pequena equipa que o ajudasse a criar e a testar a potência de mais de 600 compostos químicos. O objetivo era alcançar um medicamento que o corpo tolerasse de forma segura e sem efeitos secundários. Durante dez anos, o grupo empenhou-se em conceber algo que valesse a pena submeter a testes clínicos.
O britânico voluntariou-se para ser a primeira cobaia das várias fórmulas testadas até se chegar ao medicamento. “Claro que, hoje em dia, não seria permitido. Mas foi importante testá-las e fiquei empolgado por ser a primeira pessoa a tomar uma dose de Ibuprofeno”, declarou, já nesta década, à BBC News.
Só em 1961, após quatro testes clínicos falhados, é que nasceu o composto que mais tarde se tornaria o Ibuprofeno. A patente da substância, concedida à farmácia Boots, surgiu um ano depois e foi aprovada como medicamento de prescrição em 1969.
Mais tarde, Stewart Adams foi homenageado pela pesquisa e descoberta com um doutoramento honorário em Ciências pela Universidade de Nottingham e com duas distinções pela Sociedade Real de Química inglesa. No entanto, sempre admitiu que o mais importante era o facto de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo tomarem o medicamento.
Depois de trilhado um longo caminho, todos os anos são produzidas 20 mil toneladas de Ibuprofeno, valor onde se inclui o respetivo genérico. E tudo começou com uma ressaca e uma dor de cabeça.