Nuno Marques: uma missão ao piano

Texto de Ana Tulha

Já lá vão seis anos desde que Nuno Marques se desapegou das raízes de casa e do conforto do lar e se mudou para Nova Iorque de corpo e alma. Moveu-o um sonho maior, o sonho de se fazer grande entre os grandes, um dos maiores pianistas da sua geração – assim reclama.

Desde então, estudou na New York University ao abrigo de uma bolsa de prestígio, a Reinhold Scholarship, tornou-se professor no Departamento de Piano da universidade, deu concertos a perder de vista – mais de 100, em três continentes – e completou o doutoramento em piano na Rutgers University. Ainda assim, nunca perdeu de vista o ADN que lhe abriu horizontes.

“Estou a fazer a minha carreira fora, mas continuo a sentir uma ligação muito forte a Portugal”, confessa, em conversa com a “Notícias Magazine”. Foi por isso, por causa dessa ligação tão forte, das raízes que não o largam, que em 2016 decidiu criar o Porto Pianofest, um festival internacional de piano, sediado na Invicta que o viu nascer, em que se juntam masterclasses e concertos, de pianistas de renome a jovens talentos.

“Já estava fora há muito tempo e quis criar uma forma quase de retribuir aquilo que o meu país me deu. Além disso, queria trazer para Portugal um pouco das coisas que tinha aprendido lá fora. O Porto Pianofest foi a forma que encontrei de juntar tudo”, orgulha-se. E assim nasceu um evento que é “um espaço de contacto privilegiado entre os mestres e os jovens pianistas”, e que vai para a quinta edição, a acontecer em agosto.

Entretanto, o Porto Pianofest seguiu o exemplo de Nuno. Emigrou, direito à “Terra do Tio Sam”: em fevereiro, a variante americana do festival decorreu em Nova Iorque pela segunda vez. No próximo ano, deverá chegar também a Chicago e Montreal, no Canadá.

“É uma ponte transatlântica, um festival que quer atrair o talento e ao mesmo tempo contribuir para elevar a dimensão do Porto Pianofest em Portugal”, sublinha Nuno Marques que, antes de rumar aos Estados Unidos, já se tinha graduado na Guildhall School of Music and Drama, em Londres, e feito o mestrado no Royal College of Music, também no Reino Unido.

Mas a missão deste pianista de 38 anos não se esgota na tentativa de trazer ao país natal o melhor do que vai conhecendo pelo Mundo. Entre as muitas salas de espetáculo por onde já passou (o Carnegie Hall, em Nova Iorque, e o Kennedy Center, em Washington, incluídos), também já esteve duas semanas na Birmânia, num projeto humanitário que passava por levar música à minoria rohingya.