Texto de Alexandra Tavares-Teles
António Sousa Pereira, reitor da Universidade do Porto, fala de um jovem “muito cortês e educado”, um dirigente associativo “genuinamente interessado no bem dos estudantes”, com preocupações que vão do alojamento ao valor das propinas, passando pela qualidade do ensino.
Cesaltina Videira, a mãe, lembra a criança curiosa, “muito interessada nas conversas dos adultos”, um miúdo sociável, “sempre risonho”. Hoje, as preocupações são outras. “Andavas sempre a rir e agora é tão raro”, vai dizendo ao filho.
João Videira é portuense de gema. Tem 24 anos, vive com os pais (o pai é informático e a mãe é técnica de diagnóstico), com o irmão, 18 meses mais novo, a Kika e a Nocas, duas cadelas, e a Benny, uma gata. Depois de uma experiência breve em Engenharia Geotécnica, decidiu-se por Engenharia Mecânica, do curso do ISEP.
Está no terceiro ano, já podia ter terminado, mas a reeleição para a Federação Académica do Porto (FAP) – 26 associações federadas pertencentes às duas maiores instituições (UP e Politécnico) de uma academia com cerca de 70 mil estudantes – contribuiu para o chumbo do ano passado. Acabará em 2019? “Vamos ver.”
Dirigir a FAP “não é tarefa fácil”. Desde logo pelos incidentes que ocorrem na Queimas das Fitas – e este ano não foi exceção. Mas João Pedro Videira gosta “de serviço público”. A estreia no dirigismo deu-se com a candidatura à presidência da associação de estudantes do ISEP.
Venceu. “Convicto e teimoso”, nunca foi atraído pelas jotas partidárias. Diz-se de direita “na área económica”, de esquerda “nas causas sociais”.
É dado com frequência a estados de alma contraditórios. Porém, “nos momentos maus fecha-se, não exterioriza”, diz Filipe Bento, amigo de infância.
“O João Pedro não é a pessoa mais confiante deste Mundo, mas já teve pior autoestima”, revela. Conheceram-se na escola de futebol Hernâni Gonçalves, tinham ambos dez anos. Filipe jogava a extremo, João Pedro a lateral direito. “Ele não tinha jeito algum, sou sincero”, diz o amigo. Já no ténis, sim, “era talentoso”. São do F. C. Porto, confidentes, colegas de curso e ambos apaixonados por automóveis. Praticam karting amador.
Ivo Santos, 35 anos, engenheiro civil, é administrador de serviços de ação social do Instituto Politécnico do Porto. Reconhece no presidente da FAP “um líder; um cavalheiro que raramente se enerva ou exalta”. Imagina-o a dirigir uma unidade industrial ou a fazer consultadoria numa multinacional. Mas, sobretudo, a exercer funções públicas. Confirma: “É teimoso e muito obstinado”. E demasiado sério. “Devia divertir-se um pouco mais.
É difícil tirá-lo do politicamente correto.” Bem diz Cesaltina que o filho ri pouco. “Miminhos? Roupa e, apesar de estar de dieta, petiscos. Gosta muito de comer, desde criança.” Também desde miúdo foi ensinado a fazer a cama todos os dias. Ultimamente, porém, há queixas maternas: “O quarto tem andado mal-arrumado”. João Pedro prometeu que, acabada a Queima das Fitas, trataria do assunto.
Cargo: Presidente da Federação Académica do Porto
Nascimento: 26/08/1994 (24 anos)
Nacionalidade: Portuguesa (Porto)