Os ginásios tanto brotam num espaço coletivo como em casa. Opta-se entre instrutores num ecrã ou em carne e osso. Os concentrados de sessões de meia hora abundam. O futuro pode ser musculado.
Os ginásios, clubes e academias de treino necessitam sempre de encontrar métodos novos para cativar o público. A prática de um estilo de vida saudável é essencial, mas no meio da azáfama profissional e pessoal é difícil encontrar tempo para o exercício físico. Rápido, eficaz, prático e apelativo são quatro palavras fundamentais no que toca à atividade do corpo e da mente. Razão pela qual vários ginásios estão a adaptar-se a um boom tecnológico – e não só. Desde treinos com eletroestimulação a aulas de apenas 15 minutos, ou até virtuais, os ginásios não param de correr atrás de novas tendências e métodos.
Exercício ligado à corrente
Os centros E-Fit Portugal disponibilizam uma tecnologia de treino baseada na eletroestimulação (EEM). Sessões de 25 minutos equivalentes a 60 ou 90 de exercício normal? Sim, é possível. O praticante terá de vestir um equipamento humedecido, composto por um colete, calções, duas bandas para os braços e duas para os gémeos.
A roupa está ligada a um equipamento sem fios que transmite diferentes intensidades de estímulos. Ao mesmo tempo que o aluno recebe esses estímulos, terá de repetir uma série de exercícios indicados pelo instrutor, com o objetivo de trabalhar força, cardio e core (tronco).
Este método “em momento algum poderá promover um estímulo involuntário”, sustenta Jonatan Santos, diretor técnico do E-Fit Porto. Ou seja, os praticantes não podem ficar simplesmente parados a receber os estímulos elétricos.
A eletroestimulação permite trabalhar 350 músculos ao mesmo tempo. Músculos esses que permanecem ativos por um período de 48 horas – que é também o intervalo de tempo aconselhável entre estas sessões, esclarece Jonatan. Dito isto, é possível fazer até três sessões de eletroestimulação por semana, garante o responsável do E-Fit Porto.
Tudo depende da avaliação do monitor. O objetivo é acelerar o metabolismo, aumentar a tonificação muscular e melhorar a atividade cardiovascular.
Nesta cadeia de ginásios também existem fisioterapeutas, aptos a acompanharem pessoas lesionadas e a administrarem treinos de eletroestimulação para pacientes com osteoporose ou problemas na anca.
Paulo Amado, médico e coordenador da Unidade de Medicina Desportiva e Artroscopia Avançada no Hospital Lusíadas Porto, refere que a eletroestimulação é um bom complemento para trabalhar o músculo, mas quando este é aliado ao exercício físico. Porém, “é importante ter uma avaliação do estado físico, uma prescrição de exercício e o respetivo acompanhamento”.
Salienta ainda que todos os instrutores desportivos, e principalmente os da área de treinos com estímulos, deverão ter algum certificado em EEM ou formação na área da Saúde. Se estiver interessado nesta prática, saiba que não poderá ter problemas cardiovasculares. As grávidas também não podem usufruir da eletroestimulação, assim como portadores de doenças cardíacas, de epilepsia e problemas renais, ou que estejam a ultrapassar um cancro.
A pressa é inimiga da perfeição?
O Holmes Place criou, este ano, quatro aulas rápidas e intensivas. Quinze minutos de exercícios focados em abdominais, circuito (mais focado no movimento do que nos músculos), funcional (com pesos e intensidades diferentes) e roller (massagem assistida). Mas serão mais eficazes? Poderão a rapidez e intensidade ser prejudiciais ao nosso corpo? Será a prática destas aulas suficiente para ficar em forma?
Filipe Silva, gerente de pesquisa e desenvolvimento no Centro de Inovação desta cadeia de ginásios, afirma que “realizar uma aula rápida por semana não serve de nada, mas duas ou três vezes já dão bons resultados”. Há um limite de dez pessoas por aula e por hora e os treinadores não têm de fazer a aula completa, permitindo assim uma maior monitorização dos participantes. Foi criada uma biblioteca online, com mais de mil exercícios, para que o instrutor possa formatar a aula, incluindo a sua intensidade, de acordo com as capacidades físicas de cada um.
Paulo Amado adverte que estas sessões não são as ideais para quem não tem consciência do seu estado físico. Ainda assim, se optar por esta atividade, o clínico considera fundamental o acompanhamento regular.
Além das aulas Xpress, o Holmes Place criou sessões de floatfit, uma modalidade aquática que concilia o uso de pranchas com exercícios de equilíbrio, cardio e força.
As aulas duram 30 minutos e têm intensidade progressiva, intercalada com períodos de repouso. Filipe Silva considera que o floatfit está projetado para várias faixas etárias, sendo que, atualmente, os maiores consumidores destas aulas são de idades compreendidas entre os 40 e os 60.
Os instrutores por um ecrã
A cadeia de ginásios low cost Fitness Hut aderiu às Vclasses, aulas com instrutores virtuais. Duram 30 minutos e são totalmente baseadas na projeção de vídeos. Os alunos reservam a aula na aplicação MyHut, consoante as modalidades disponíveis no mapa. Não sendo necessária a presença de um professor e consequente horário específico, a conciliação com a agenda de cada um sai facilitada. RPM (pedalar), body pump (com halteres) e CXWorx (treino dos músculos do tronco) são as modalidades incluídas no conceito.
Apesar destas facilidades, “as aulas com instrutor presencial continuam a ser as preferidas”, confessa António Mota, gerente de clube no Fitness Hut Trindade. “Somos humanos, procuramos interação, e como somos um povo latino, a necessidade de comunicação e inter-relação está sempre presente.” Ainda assim, o responsável sublinha que a experiência retirada das aulas virtuais é bastante positiva. A ideia atrai as mais variadas faixas etárias, dos 18 aos 70 anos, ou mais.