Depressão atípica: o que escondem os sorrisos

Popularmente chamada de "depressão sorridente", trata-se de uma das formas mais difíceis de identificação da doença, pois os sintomas são mascarados por falsas demonstrações de felicidade.

A depressão trata-se de uma das doenças psiquiátricas mais comuns e um dos principais problemas de saúde no mundo. Calcula-se que uma em cada quatro mulheres e um em cada dez homens venham a ter crises de depressão em alguma fase da vida.

A doença apresenta-se de diferentes formas e níveis de gravidade. Nos estados mais graves, os sintomas podem manifestar-se sem relação evidente com acontecimentos traumáticos da vida e duram diversos meses. Nos mais ligeiros, a intensidade dos sintomas é menor e possibilitam a manutenção das atividades diárias. No entanto, podem prolongar-se durante anos.

Rir nem sempre é sinónimo de alegria. Existem pessoas capazes de sorrir, viver momentos felizes e, ainda assim, guardarem debaixo da máscara de satisfação sentimentos suicidas. Popularmente designada de “depressão sorridente” – o termo clínico é, na verdade, depressão atípica -, é uma das formas mais difíceis de identificação da doença, pois os indícios são mascarados por demonstrações de felicidade, tal como explica Olivia Remes, especialista em ansiedade e depressão da Universidade de Cambridge, em Inglaterra.

Contudo, alguns dos sintomas – ver fotogaleria -, que variam de pessoa para pessoa, podem ajudar a detetar a doença. “A dificuldade encontra-se no facto de a pessoa aparentemente estar bem, no entanto, está depressiva. É por essa razão que considero esta versão da doença mais perigosa do que as outras”, afirma Oliva Remes, no artigo que lançou no portal “The Conversation”.

Ainda existem outros motivos que agravam os casos. O facto de a doença não ser fácil de identificar leva ao tratamento tardio. A dificuldade em reconhecer emoções por parte dos indivíduos afetados obriga a que trabalhar com eles do ponto de vista psicológico seja mais desafiante. “A força que as pessoas têm para manter a rotina pode deixá-las vulneráveis e isso pode levar a pensamentos suicidas. Contrasta com outras formas de depressão, nas quais as pessoas podem ter esses pensamentos, mas não têm energia para os executar. O mesmo não acontece com a depressão atípica”, acrescenta a especialista.

O tratamento normalmente envolve a prescrição de medicamentos, psicoterapia e alterações no modo de vida. Olivia Remes recomenda, ainda, a realização de exercício e meditação.