Texto de Ana Patrícia Cardoso | Fotografia Shutterstock
Consegue começar a trabalhar sem beber o primeiro café da manhã? E o almoço só acaba quando bebe o café? Somos criaturas de hábitos e o café tornou-se um dos mais celebrados entre os portugueses. Tanto que se estima (segundo o estudo Tendências e Perspetivas Sociais no Consumo de Café em Portugal) que, em 2021, cada português vai consumir oito quilos de café por ano.
O café não é prejudicial à saúde, se consumido com moderação. Há, inclusive, estudos que demonstram que traz benefícios (leia também este artigo). Contudo, quando passa de momento social para vício diário, pode aumentar o risco de diabetes tipo 2 ou doenças cardiovasculares, por exemplo.
A maioria dos estudos aponta 400 miligramas de cafeína (aproximadamente quatro chávenas) como a quantidade recomendada para um adulto.
Merideth Addicott, do Instituto de Pesquisa de Doenças Psiquiátricas da Universidade do Arkansas, citada pela revista Time, afirma que é possível desenvolver dependência de café ou bebidas com cafeína como alguns chás, soda ou bebidas energéticas. «Ainda que não seja um vício com a dureza das drogas ou do álcool, causa dependência e o desmame pode ser complicado», diz.
A maioria dos estudos aponta 400 miligramas de cafeína (aproximadamente quatro chávenas) como a quantidade recomendada para um adulto. Se consome mais do que isso diariamente, é provável que tenha alguns efeitos secundários como:
- Sono irregular;
- Enxaquecas e dor de cabeça;
- Palpitações;
- Irritabilidade;
- Ou estômago sensível.
Se já experimentou alguns destes sintomas, é viciado em café. Eé aconselhável reduzir a quantidade ingerida.
Para Addicott, o vício manifesta-se sobretudo no stress causado pela privação de café quando precisamos. «A ideia de que não vamos conseguir tomar aquele café, àquela hora causa uma disrupção no dia-a-dia preocupante. É uma questão mais subjetiva do que pelas quantidades propriamente ditas.»
Assim que o corpo se adapta, somos capazes de manter o mesmo ritmo de trabalho e energia ao longo do dia sem beber tantos shots de café.
Como se quebra este ciclo vicioso? Em primeiro lugar, é importante admitir que não precisamos do café para «funcionar». É comum pensar que, para acordar cedo, ou aguentar várias horas de trabalho, é preciso cafeína. Mas a cafeína não tem assim tanto impacto no cérebro como se possa pensar.
A professora americana sublinha que «ao bebemos uma quantidade significativa de café todos os dias o corpo adapta-se e estabelece uma base de performance. Quando passamos pelo desmame, pode parecer que não temos a mesma capacidade performativa mas é apenas o corpo a adaptar-se a menos quantidade de café». Assim que o corpo se adapta, somos capazes de manter o mesmo ritmo de trabalho e energia ao longo do dia sem beber tantos shots de café.
Mas abandonar o vício pode significar algumas dores de cabeça. Literalmente. Ainda que outras bebidas ou versões descafeinadas possam ajudar, numa primeira fase, a verdade é que chega um momento em que é preciso encarar a realidade e suportar alguns dias complicados com sintomas como fadiga, irritabilidade, dores no corpo e cabeça ou dificuldade de concentração. Um desconforto necessário a bem da sua saúde.