Texto Marcelo Teixeira | Fotografia Álvaro Isidoro/Global Imagens
Subia e descia o corredor direito como poucos o fazem. Polivalente, líder, António Veloso, 60 anos, é uma lenda dos relvados portugueses. Do suor em campo aprendeu a lição de que «não podemos ser parvos e devemos estar atentos à chamada, de forma a correspondermos às oportunidades».
Natural de São João da Madeira (Aveiro), foi no Beira-Mar que começou a caminhada de um sonho de tantos e alcançado por tão poucos. «Quando me envolvi no futebol o meu objetivo era jogar no Benfica. Quando dei por mim estava lá. A vestir a camisola do maior clube de Portugal.» O antigo capitão do clube da Luz contou mais de quinhentos jogos de águia ao peito e por 39 vezes representou a seleção das quinas. «Ter talento não chega. A dedicação é a base do profissionalismo.»
«Quando somos demasiado justos acabamos por ser prejudicados. Abusam da nossa boa vontade.»
Uma carreira longa e recheada de vitórias como jogador e uma mais curta e menos saborosa como treinador. É com essa experiência, de quem manda fora das quatro linhas, que recorda: «Quando somos demasiado justos acabamos por ser prejudicados. Abusam da nossa boa vontade.» Mas águas passadas não movem moinhos e Veloso leva os dias de «forma positiva».
Não esquece a «noite mais difícil da vida como jogador», a 25 de maio de 1988, em Estugarda, quando assumiu aquilo que mais ninguém queria: marcar o sexto penálti na final da Taça dos Campeões Europeus frente ao PSV Eindhoven. O guarda-redes adversário, Van Breukelen, negou a festa aos encarnados. No final de contas, para ele, o que importa é «não ter medo de assumir o que tem valor».