Texto Sofia Teixeira | Fotografia de Shutterstock
Não projetar
A tendência para projetar nos outros as nossas crenças e valores é um dos erros mais comuns na altura de escolher um presente de Natal: quem compra tende a fazê-lo como se fosse para si, ou seja, tendo por base a ideia de que o destinatário tem os mesmos gostos – mesmo quando sabe que isso não é verdade. Resultado: compra uma coisa que gostaria de receber em vez de comprar uma coisa que o outro gostaria de receber. Tente abandonar os seus gostos e perceber os do outro.
Sem surpresas
As pesquisas mostram que as pessoas não são boas a tentar adivinhar o que os familiares ou amigos gostam de receber. Posto isso, se a pessoa fez uma lista de presentes que gostaria de receber ou teceu elogios acerca de algum objeto, aproveite a deixa. Tentar fazer uma surpresa quando há uma lista à disposição não é boa ideia: por muito desinteressante que o objeto lhe pareça e por muito receio que tenha de estar a ser pouco criativo, tem mais hipóteses de ser bem-sucedido do que se tentar adivinhar.
Avaliar experiências passadas
Na altura de escolher um presente, se está a considerar uma experiência passada com aquele produto ou serviço, é importante pensar em atribuições enviesadas. Exemplo: ao oferecer um voucher para um restaurante que já experimentou é importante tentar lembrar-se se a comida era mesmo boa ou se a fome com que estava naquele dia lhe toldou o sentido crítico e o fez sobreavaliar a experiência. Outro exemplo: se é um produto, a disposição no momento da compra passada também pode influenciar a avaliação. Os objetos comprados durante as férias costumam ser sobreavaliados porque se está com um estado de espírito despreocupado e muito positivo. Estes enviesamentos podem fazer crer a quem dá que o presente é mais adequado do que realmente é.
Foco a longo prazo
Os investigadores descobriram que, quando escolhemos presentes para os outros, temos tendência para nos concentrar no momento da oferta na expetativa de gerar um efeito uau no momento em que é desembrulhado. Quem o recebe, pelo contrário, está mais focado na utilidade futura que o produto terá a longo prazo. Uma batedeira ou umas pantufas podem não gerar grande entusiasmo quando rasgar o embrulho, mas serão úteis a longo prazo. O ideal é que seja uma coisa que a pessoa use e que deseje, mas, na dúvida, mais vale privilegiar a utilidade.
O que conta é a intenção
Achamos que quanto mais dinheiro investimos no presente e quanto mais tempo passamos a escolhê-lo melhor vai cumprir o seu objetivo. Não necessariamente. Quem recebe um presente não sabe quanto tempo foi investido na escolha e, geralmente, não liga muito a quanto custou – até porque também não sabe ao certo – interessa-lhe apenas se gosta ou não ou se é útil ou não.
Um presente de cada vez
Foram feitos uma série de testes com voluntários em missão para comprar presentes: metade saiu para ir comprar um presente apenas para uma pessoa, outra metade para duas ou mais. Os do segundo grupo foram os que se saíram pior. Porquê? Por causa das comparações: ao escolher para várias pessoas, acabavam a fazer comparações entre os presentes e a tentar achar coisas diferentes, acabando por escolher mal. Resumindo: se possível, compre um presente de cada vez.
Um é a conta certa
Quem nunca comprou um bom presente e à última hora resolveu oferecer um segundo mais pequeno em jeito de complemento ao primeiro ou apenas por ter o gosto de dar dois presentes em vez de um? É má ideia, dizem os cientistas sociais que estudaram este hábito: essas adendas ao presente principal desvalorizam-no. As pessoas tendem a percecionar com mais facilidade o valor de um objeto caro quando ele está sozinho do que quando é acompanhado de presentes mais pequenos. A ideia de quem oferece é valorizar a oferta, mas acontece o contrário: o presente pequeno faz parecer que o caro é menos valioso, uma vez que não se bastou a si próprio.
Reoferecer sem culpa
Não é socialmente bem aceite, é certo, mas se já sentiu vontade de voltar a embrulhar para dar a alguém um presente que lhe ofereceram e que não apreciou ou tem em excesso, pode fazê-lo sem que lhe pese a consciência. O mais certo é que quem lho deu originalmente não se importe. Um estudo de Harvard mostra que, apesar de haver um certo preconceito em relação a esta prática, quem dá um presente sente que aquele objeto passa a pertencer ao outro, podendo ele fazer o que entender com ele – nomeadamente voltar a oferecer – e não se sentindo particularmente ofendido se a pessoa o der a alguém.