Texto de Ana Patrícia Cardoso | Fotografia de Reuters
Aproveitando uma visita de quatro dias à República Centro-Africana – país onde se vive uma das crises humanitárias menos faladas da atualidade – António Guterres, o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), alertou hoje, 24 de outubro, para os «desafios graves» que o mundo enfrenta, afirmando que existem os «instrumentos e recursos necessários» para os vencer.
De acordo com as Nações Unidas, o número de deslocados neste país já ultrapassa os 600 mil e os refugiados nos países vizinhos já chegam ao meio milhão. Atualmente, a Missão da ONU no país conta com dez mil capacetes azuis. O cenário não é promissor e este é um dos casos em que a intervenção da organização não tem tido os resultados esperados.
Outras situações têm sido apontadas como falhanços no currículo das Nações Unidas. A guerra da Síria que dura há seis anos e que originou a maior crise e refugiados da atualidade é talvez o mais flagrante.
No entanto, a perseguição à minoria étnica rohingya em Myanmar, que tem escalado nos últimos tempos e obrigou à fuga de milhares de rohingyas do país, tem levantado dúvidas. Numa visita em maio, uma equipa da organização que investiga abusos cometidos pelo exército e maioria budista foi impedida de aceder ao estado de Rakhine e Renata Lok-Dessallien, a chefe da missão permanente da ONU em Myanmar foi afastada do cargo. Ou seja, outro fracasso.
Fundada a 24 de outubro de 1945 com a ratificação da Carta das Nações Unidas e no rescaldo da Segunda Guerra Mundial, as Nações Unidas têm como propósito maior manter a paz mundial. Mas a história tem provado que o desfecho nem sempre é esse. Estes são quatro exemplos – há outros – do falhanço da ação da ONU em conflitos.