Como está o seu português? Costuma fazer estes erros?
por Notícias Magazine
Hades é o deus do mundo inferior e dos mortos, na mitologia grega, mas há quem insista em usá-lo em lugar de hás de, a forma correta da segunda pessoa do singular do presente do indicativo do verbo haver com a preposição de. Percorra a fotogaleria para descobrir outros erros. Socorremo-nos, para a realizar, do Dicionário de Erros Frequentes da Língua, de Manuel Monteiro [ed. Soregra]
Este é um erro fatal e quando aparece escrito, por exemplo, no mural de Facebook de alguém, constitui justa causa para desamigamento. Estamos é a conjugação, no presente do indicativo, da primeira pessoa do plural do verbo estar e é uma palavra só, sem hífen.
Derivado de. Devido a. Tão simples.
Não. À leva acento grave. Algumas pessoas teimam no acento agudo, o que é uma injustiça para o grave, tão pouco usado na língua portuguesa. À é das poucas palavras que o tem. Façam-lhe justiça.
Por vezes confunde-se o à com o há, sobretudo quando o verbo haver é usado para descrever a passagem do tempo. Quando queremos dizer que foi há pouco tempo, usamos o h, há, do verbo haver. Já se quisermos dizer que precisamos de ir às compras, dispensamos o h e vamos.
Há o nome ou substantivo masculino grama, que é uma unidade de medida de massa e há o nome ou substantivo feminino grama, conceito semelhante a relva. Diz-se um grama, dois gramas, duzentos gramas.
«Destrocar» existe. É desmanchar a troca. Compra um bolo de chocolate e tem um inseto lá dentro. Devolve o bolo. Opera uma destroca, ou simplesmente, destroca. Deformação popular é empregar o verbo no sentido de trocar notas por moedas.
Há dois anos, há quatro jogos, há duas aulas. Acaso seria possível há duas semanas à frente ou ao lado?
A cerca media um metro.
O presidente recusa falar acerca de novas contratações.
Veja todas as notícias acerca do que se passa na Líbia.
Há cerca de doze anos, deixei de fumar.
«Beje é um erro ortográfico e beige é francês. A cor é bege.
Persistimos na confusão do adjetivo «bom» com o advérbio «bem». «Estás bom?» e «estás boa?». A pergunta deve ser: «Estás bem?» Quem utiliza o «bom» ou «boa» que faça o exercício de utilizar os antónimos: «Estamos/passaste mau/má?». Quando expressamos assentimento, aquiescência, digamos «está bem» - como dizemos «está mal» - e nunca «está bom».
Damos um conselho. Os ministros reúnem-se num conselho de ministros. Temos conselhos científicos e outros orgãos colegiais. Temos os concelhos de Loures, de Sintra, ou seja, a ideia de circunscrição territorial.
«Com certeza» - duas palavras. Com ou sem certeza. Não existe «concerteza».
Para tudo e mais alguma coisa, os portugueses dizem e escrevem «situação constrangedora». Constranger é impedir os movimentos, comprimir, subjugar, coagir. Constrangido é que foi forçado, obrigado, coagido. Confrangedor é aquilo que aflige, atormenta, angustia, «causa dor».
Despensa é o pequeno compartimento da casa onde guardamos os produtos alimentares. Dispensa é o ato de dispensar, a permissão para não executar um dever ou um trabalho.
«Desfolhar» é tirar folhas ou pétalas. Quem desfolha livros... arranca as páginas. «Folhear» é ler apressadamente, virando as páginas com ritmo acima da leitura normal.
Evacuam-se espaços. Não se evacuam pessoas. As pessoas evacuam, claro está, no sentido de expelir excrementos. Etimologicamente, evacuar é esvaziar. Em situações extremas, as pessoas são desalojadas.
«Fossemos» - lemos a primeira vogal como u - é do verbo fossar, revolver a terra com o focinho. «Fôssemos» é do verbo ser e do verbo ir. A importância de um acento circunflexo.
Os inimigos são figadais. O ódio é figadal. Oriundo do fígado, profundo, íntimo. Fidagal não existe - temos «fidalgal», relativo a fidalgo.
A política do Governo não foi de encontro às ideias da tróica. Foi ao encontro das ideias da tróica. «Ir de encontro a» significa tão só esbarrar fisicamente, implica colisão.
A palavra é «insossa». Insosso, do latim insulsu, «sem sal» «sem sabor».
O termo em português é «inclusive», palavra latina que entrou tal qual na língua portuguesa. O seu antónimo é «exclusive».
Tanto pode dizer «já» como «agora». Já agora é uma redundância não-intencional, ou seja, um lugar comum.
A palavra correta é «losango» do francês losange.
Leitor, quando emprega esta expressão, pretende transmitir a ideia de imundície? Pretende dizer mal e suinamente?, mal e sordidamente? A expressão original é «mal e parcamente» que significa «fez mal e, ainda por cima, fez pouco».
A expressão é «morrer de fome». Como morrer de tédio, de ciúmes, de riso. Ter morrido ao frio não significa que se tenha morrido de frio.
Onde é um locativo, localiza no espaço e por isso não deve substituir, como abusivamente tem feito, o em que ou o na qual. Por exemplo: um período da minha vida onde, um filme onde, uma música onde, uma frase onde. Tudo errado. Em que e na qual seriam a fórmula adequada.
A expressão idiomática é «ovelha ronhosa». Provém de «ronha» e não de «ranho».
Mnemónica: «pedir algo» e não «pedir para algo».
Exemplo: O juiz pediu que se calassem.
Estamos perante um particípio passado - no caso em apreço, do verbo ver. A expressão correta é «pelo visto». Perante aquilo que foi visto.
Por que razão se lê «quanto muito» todos os dias? Muito parece pedir «quanto». A condição quando muito equivale à condição «no máximo».
Corretamente, «reouvéssemos».
A expressão acertada e lógica «é saudades de ti».
«Come menos doces, senão engordas»: a palavra senão utiliza-se sempre que queiramos transmitir a ideia de «caso contrário», «de outra forma», «de outro modo», «de contrário», «exceto», «defeito». Já «se não» tem outro sentido: «se não te apressas, chegas atrasado».
Alguém dorme sob a ponte se dormir debaixo da ponte e dorme sobre o jornal se o jornal estiver debaixo do seu corpo. A situação está sob controlo.
A expressão é ter que ver. «Ter que ver» como «ter pouco que fazer».
Correto é «colher as impressões digitais». Se tirasse as impressões digitais, ficaria sem elas - imagine a sua pele a ser rasgada, o sangue...
Em português, grafa-se «ioga».
O Dicionário de Erros Frequentes da Língua, de Manuel Monteiro, escritor, jornalista e revisor, resultou de anos de recolha por parte do autor de erros comuns da língua portuguesa. Editado pela Soregra, em 2015.