Chegou o Dia Mundial da Criança. Hoje há programas com fartura para fazer com os mais novos, mas há setenta anos não era bem assim. A inauguração do rinque de patinagem do Jardim Zoológico de Lisboa foi uma ideia para entreter os miúdos.
Passar uma tarde a ver macacos, elefantes, hipopótamos, girafas e miúdos felizes era, como hoje, uma atração irresistível para as famílias portuguesas nos anos 1940. Os pequenos suplicavam por uma visita: ainda agora é um dos sítios onde querem ir, com a desculpa do Dia Mundial da Criança e a ideia de um passeio em família.
Apesar do preço do ingresso, os pais lá acediam, tão desejosos como eles. Era inclusive habitual ver noivos saírem da igreja e rumarem ao Jardim Zoológico de Lisboa para as fotografias. Daí todos terem aplaudido o «admirável rink de patinagem no Parque das Laranjeiras e nesse encantado recinto que lhes faz as delícias», noticiava o Diário de Notícias de 5 de Abril de 1942, um dia após a inauguração. «As crianças, apetrechadas, deram largas às pernas e à sua alegria, animando-o ruidosamente.»
Por essa altura, já o Zoo de Lisboa existia há quase 56 anos – abriu portas a 28 de maio de 1884, no Parque de São Sebastião da Pedreira. À morte dos cedentes do espaço, em 1892, os herdeiros não renovam o contrato e o zoo passa para um terreno baldio em Palhavã, perto da Avenida de Berna, onde reabre a 13 de maio de 1894. A 28 de maio de 1905, volta a mudar-se de bichos e bagagens para a Quinta das Laranjeiras, onde assentou, ganhou os impressionantes portões assinados por Raul Lino, nova fauna e equipamentos de lazer como este rinque. «Podem os pequenos patinar à vontade sem receio de que se registem, com pessoas maiores, embates que as possam magoar.» Tudo sobre rodas, portanto.