Esta semana François Hollande foi recebido por Obama. A visita estava prevista com Valérie Trierweiler e, agora, quem iria sentar-se ao lado de Obama no jantar de gala? E o baile tradicional, seria mesmo para abrir, com o risco de pôr nos braços do famoso latin lover uma ingénua cidadã americana? Esses risco mundanos iniciais foram naturalmente agravados pela falta de confiança na relação entre os dois países depois das escutas do NSA. Deve ter causado estranheza a Hollande cruzar olhares com Obama: «Quando é que este tipo soube da minha atriz?…»
Estavam as coisas neste ponto dúbio quando estourou em Paris, em plena visita em Washington, isto: Obama anda com a Beyoncé! É verdade que a «novidade» foi propalada por um paparazzo aldrabão, mas é verdade também que os paparazzi apesar de vasculharem no monturo vivem de contar verdades, apesar de sórdidas. Acresce que vinda a suspeita de França há que dar alguma credibilidade, afinal foram eles que inventaram a frase «cherchez la femme». Depois, como disseram alguns jornais americanos irritados com a aleivosia, o suposto affaire foi acolhido até por um grande e conservador jornal como Le Figaro. E, finalmente, a hipótese que se pôs, uma ligação extraconjugal do Presidente americano em funções, não pode ser descartada, que mais não seja por razões de tradição, no país de JF Kennedy e Bill Clinton.
Em todo o caso, digo-o já, Obama-Beyoncé – demasiado poder (afrodisíaco adulterado), de um lado, beleza perfeitinha, do outro – é duelo que me deixa indiferente. Outra coisa, confesso, seria saber o que se passou na cabeça dessa bela e poderosa (beleza e poder, nela, nada para deitar fora) que é Michele Obama, quando recebeu François Hollande na Casa Branca: «Mas que raio de ideias este rechonchudinho vem dar ao meu Barack?…» Incapaz de mergulhar no interessante drama humano do ciúme, recuo para o personagem principal (e provavelmente único) desta história, o fotógrafo Pascal Rostain, um jornalista da ralé que aparenta incomodar os poderosos mas cujo fundo de comércio é servi-los.
Foi Pascal Rostain que esta semana, numa entrevista a uma rádio francesa, «revelou» o caso Obama-Beyoncé. Sabedor melhor do que ninguém da sua falta de credibilidade, ele disse que, «na edição de amanhã», o jornal Washington Post iria contar a história. Isto não tendo acontecido, Rostain disse que não dissera o que disse. A rádio repetiu a gravação e Rostain desculpou-se: fora uma brincadeira. O efeito que ele queria já se tinha produzido: ele acabou de lançar o seu livro Voyeur. Mémoires Indiscrets du Roi des Paparazzis, «Espreitador. Memórias Indiscretas do Rei dos Paparazzi». Com a falta de vergonha de uma apresentadora da casa mais famosa do país, Pascal Rostain não mentia a sua condição de maior dos fotógrafos canalhas.
A primeira foto da filha escondida de Mitterrand, Mazarine, é dele. Não conta é que foi combinada com o próprio presidente, para este resolver o seu problema escondido. Depois, a sua amizade com Carla Bruni fá-lo entrar no Eliseu. Antes, tinha ido a Nova Iorque apanhar a anterior mulher de Sarkozy com o amante (capa do Paris-Match). Entretanto, escondeu outra foto comprometedora de Sarkozy com uma jornalista amante, não convinha ao patrão. Fotógrafo quase oficial do Eliseu, vai com Nicolas Sarkozi e Carla Bruni à audiência do Papa Bento XVI e publica a foto dos três. Apaga um guarda-costas cuja altura amesquinha o presidente – azar, deixa uma perna do guarda-costas…
Entretanto, começa a interessar-se pelo próximo patrão. Rostain conta que cedeu a sua cama à colega de gabinete no Paris-Match, a jornalista Valérie Trierweiler, quando ela começou a andar com François Hollande. Ah, e ele trata François e Nicolas por tu! Com a familiaridade antiga dos lacaios que tratam das ceroulas dos senhores.
[16-02-2014]