
Do Japão para o mundo, os quimonos são uma das peças-chave desta estação. Com diferentes padrões, materiais e texturas, invadem as ruas das cidades e emprestam aos looks urbanos o encanto exótico dos sonhos distantes.
Poucos trajes tradicionais poderão gabar-se da mesma popularidade que o quimono. Traduzido para português, kimono significa «coisa de usar», referindo-se a roupa. Originalmente, dava pelo nome de kosode e começou por ser utilizado pelo povo ou como roupa interior, pela aristrocracia. No período Edo, entre 1615 e 1868, a estabilidade política, o crescimento económico e a expansão urbana levaram ao desenvolvimento do conceito de moda, no Japão. Devido às regras hierárquicas que se impunham na sociedade japonesa, a riqueza não era sinónimo de ascensão social, pelo que os que tinham mais posses encontraram na moda uma forma de se distinguirem.
O quimono tornou-se símbolo de opulência e bom gosto, ganhando novos detalhes, estabelecendo-se até concursos entre as mulheres dos mercadores que, por essa altura, competiam pelo mais esplêndido quimono. Com a chegada dos americanos à costa japonesa em 1853, o Japão sofreu uma forte ocidentalização e a palavra quimono passou a designar todas as peças de vestuário em T por oposição ao vestuário ocidental. Os homens começaram a vestir fatos para trabalhar, enquanto as mulheres, que ficavam em casa, mantinham o quimono como principal opção. Mas a influência não se fez só num sentido: ao Ocidente começaram a chegar os primeiros quimonos exportados e em 1870 já era possível comprá-los em cidades tão distantes quanto Londres.
Hoje, num mundo profundamente globalizado, o quimono está reservado sobretudo às ocasiões formais, tendo-se tornado um símbolo da tradição e da essência japonesas. Ainda assim, nos últimos tempos, muitos jovens têm vindo a encontrar no kimono uma forma de combinar as suas tradições com as influências ocidentais, promovendo uma espécie de «renascimento» desta peça. Renascimento esse a que, tal como no século xix, o Ocidente não ficou indiferente.