Susana Romana

O odor a azeitonas, as eleições nos Açores, as legislativas e a demissão de Albuquerque

Rubrica "Partida, largada, fugida", de Susana Romana.

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Este domingo é dia de eleições nos Açores. Ganhe quem ganhar, tenho um conselho para os açorianos: não se afeiçoem. Da maneira que isto está no continente e na Madeira, o mais provável é que não dure muito. É como adotar um peixinho dourado e saber que só vai durar uns meses, é melhor nem o batizar.

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Uma das dúvidas no resultado destas eleições é se o PSD vai, naquela região autónoma, manter o compromisso de Montenegro e dizer “não é não” a uma coligação com o Chega. Se ceder, bem podem continuar a dizer que são a terra das vacas felizes – já que ao nível dos humanos espera-se muita infelicidade.

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Já na Madeira continua a imperar a incerteza. Miguel Albuquerque demitiu-se, mas sem efeitos imediatos. Faz sentido que um arquipélago que tem como especialidade o bolo do caco esteja, ele próprio, um caco.

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Já as eleições legislativas são, recordo, a 10 de março – mesmo dia da cerimónia de entrega dos Oscars. E se nuns há quem esteja inconsolável com a falta de algumas nomeações para “Barbie”, noutro há quem ainda esteja a remoer uma falta de nomeação de Passos Coelho. Mas atenção: as sequelas são, geralmente, piores do que o original.

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Um odor acre a azeitonas sentiu-se esta semana numa “área extensa”, desde Lisboa a Sintra, Almada, Mafra, Ericeira e Sesimbra. Os especialistas não sabem do que se trata, mas eu desconfio: é uma medida para os portugueses terem a ilusão de que consumiram azeite sem ter de pagar nove euros por uma garrafa.

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Marcelo vetou o diploma que permitia a qualquer cidadão adotar legalmente um nome neutro, que não esteja identificado com o sexo masculino ou feminino. Claro, como é que o presidente depois reconhecia mulheres para poder tecer comentários sobre os seus decotes?

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Claro que este veto foi um fartote para todos aqueles que estão a fazer uma escandaleira por causa das casas de banho mistas. Eu por mim, de facto, separava os WC – mas entre aqueles que puxam o autoclismo e lavam as mãos e aqueles que seguem finos como se não fosse nada com eles.

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A Obra Diocesana do Porto inscreveu, em 2010, uma pessoa com 38 anos como estando a frequentar uma creche, para obter comparticipação financeira da Segurança Social. Eu sei que estas falcatruas são feias, mas invejo muito um adulto que, oficialmente, pode passar o seu dia a dormir a sesta, a ver a Bluey e a comer Cerelac.

[Artigo publicado originalmente na edição do dia 3 de fevereiro – número 1654 – da “Notícias Magazine”]