Maria Inácia Rezola: a mulher 25 de Abril

Maria Inácia Rezola é presidente da Comissão Executiva Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril

Dedicou a vida a estudar o dia que devolveu a liberdade a Portugal. E os dias seguintes que moldaram a democracia. Preside às comemorações desta data histórica.

Quando, a 21 de abril de 2022, o Governo confirmou Maria Inácia Rezola como a nova presidente da Comissão Executiva Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril, o presidente da República foi dos primeiros a reagir em forma elogiosa. Marcelo Rebelo de Sousa considerou a escolha “óbvia” e garantiu que se tratava de uma decisão que “representa continuidade da programação existente”.

Rezola substituiu Pedro Adão e Silva, anterior responsável entretanto designado ministro da Cultura, cujo nome suscitou críticas e levantou polémicas por parte da Oposição. Pelo contrário, a historiadora de 56 anos recolheu unanimidade de todos os quadrantes. Afinal, trata-se de alguém que vive e respira o 25 de Abril e dele faz mote de uma carreira académica e universitária que a transformou numa das principais especialistas sobre o dia que mudou Portugal.

Desde que foi nomeada para as novas funções, Maria Inácia Rezola tem dedicado o empenho a transformar o meio século de Liberdade numa ocasião única. Garante que será uma ocasião para não mais esquecer, para lembrar e sublinhar os valores saídos de Abril. E quer contar com a participação ativa dos que prezam esse valor fundamental e o querem reforçar e solidificar. “Uma festa de todos e com todos”, prometeu, pouco depois de tomar em mãos a tarefa. Porque a democracia “não pode ser dada como adquirida”, como reforçou em entrevista à revista “Sábado”.

As comemorações vão estender-se para lá de 2024, com o ponto alto no calendário, claro está, a 25 de Abril deste ano, esse ano especial em que se celebra o meio século do dia inicial inteiro e limpo, como imortalizou em poema Sophia de Mello Breyner. Datas de celebração, evocação e memória, para que o dia histórico não fique registado na memória coletiva “como se fosse a pré-história ou se pareça com as celebrações do 5 de Outubro de 1910, que dizem tão pouco aos jovens”, sublinhou Rezola em declarações à Agência Lusa, qual lembrete de que a liberdade não é dado adquirido.

Nascida em Leiria com raízes espanholas por parte da família materna, Maria Inácia Rezola cedo percebeu que a investigação histórica estaria no centro da sua vida profissional. Ganhou paixão pelos meandros do 25 de Abril, pelos seus protagonistas, pelos seus episódios, pelos seus segredos. E quis ir ao fundo, às raízes que estudam o momento histórico da vida de Portugal.

Licenciada em História e mestre em História dos Séculos XIX e XX, doutorou-se em História Institucional e Política Contemporânea. Estudou na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (UNL) e a sua tese de doutoramento, apresentada em 2004 e intitulada “Os Militares na Revolução de Abril. O Conselho da Revolução e a Transição para a Democracia em Portugal”, tornou-se documento de referência e confirmou-a como uma das maiores especialistas nacionais no que diz respeito ao Dia da Liberdade.

Investigadora na UNL desde 1995, foi coordenadora de um grupo de trabalho que aprofundou o tema da “História Política Comparada – Regimes, Transições, Colonialismo e Memória”, organizou colóquios e conferências, foi oradora de destaque em cerca de meia centena de eventos científicos.

Simultaneamente, acumulou com o cargo de professora na Escola Superior de Comunicação Social do Instituto Politécnico de Lisboa, que mantém desde 1997, quando foi convidada para assistente, primeiro passo para uma carreira docente que não mais parou de crescer. Pelo meio, acumulou como docente da UNL de 2004 a 2009 e da Universidade Lusíada, de 1996 a 1997.

É ainda autora e coordenadora de uma vasta obra sobre factos e figuras que marcaram o país. Como o “Dicionário da História de Portugal”, com António Reis, de “A Prova do Tempo”, com António Hespanha e Ivo Veiga, e de “Melo Antunes, uma biografia política”, com prefácio de António Lobo Antunes.

“Quero concluir que os portugueses não questionam a democracia, mas questionam, e bem, a qualidade da democracia”, fomenta Maria Inácia Rezola como desafio constante, aliás como tem sido marca de vida.

Cargo:
presidente da Comissão Executiva Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril
Nascimento:23/12/1967 (56 anos)
Nacionalidade:
Portuguesa (Leiria)