INESC TEC participa em projeto europeu que aproveita tecnologia para detetar águas contaminadas, descargas ilegais e tráfico de resíduos.
Imagens de satélite, drones, sensores e inteligência artificial (IA) são os novos aliados no combate ao crime ambiental na Europa. O projeto EMERITUS, que une 20 parceiros provenientes de nove países – entre forças policiais, centros de saber e empresas tecnológicas – quer aproveitar as tecnologias mais inovadoras para fazer face a um problema que impacta tanto a Natureza como a saúde humana, sem distinguir fronteiras.
No âmbito do projeto, estão em curso quatro casos de estudo reais, que visam a deteção da fonte de contaminação de águas, monitorização de centrais de armazenamento de lixo, controlo transfronteiriço de tráfico ilegal de resíduos e identificação de locais de descarga ilegal em zonas alargadas. Para isso, os investigadores recorrem a imagens de satélite, drones e sensores, assim como simuladores, modelos preditivos e algoritmos, aproveitando as mais-valias da IA para detetar crimes, recolher provas e identificar as fontes.
João Gama, investigador do INESC TEC – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência, que coordena o projeto em Portugal, adianta que estão a ser desenvolvidas soluções de “deep learning para a classificação remota de aterros e um algoritmo que deteta alterações em áreas protegidas”. Através das ferramentas tecnológicas torna-se possível, por exemplo, detetar alterações na utilização dos solos (como uma dada área sofreu mudanças ao longo do tempo) e manchas de petróleo ou outros poluentes na água. Um algoritmo ajuda, depois, a prever a origem mais provável. As concentrações de poluentes aéreos que possam ter impacto na saúde humana são igualmente alvo da análise dos especialistas.
Num rio que desagua em Málaga, Espanha, estão a ser testados simuladores. E, no Alentejo, com a colaboração da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), trabalha-se na identificação de aterros ilegais.
O EMERITUS, que é coordenado a nível geral pela empresa Zalanda e conta com uma dotação de 5,9 milhões de euros do programa Horizonte Europa da União Europeia, prevê desenvolver, até 2025, uma plataforma com ferramentas computacionais para ajudar forças policiais em toda a Europa a combater crimes ambientais. Irá, também, criar protocolos e ações de formação para auxiliar as autoridades nas investigações e recolha de provas.