O "Consultório de Sustentabilidade" desta semana, por Joana Guerra Tadeu.
Que produto menstrual ecológico devo apresentar à minha filha na primeira menstruação?
Margarida Braga, pergunta recebida por email
O melhor produto menstrual é o que melhor funcionar para quem o usa. Não adianta tentar impingir um produto com que a utilizadora não está confortável, que não tenha capacidade financeira para adquirir ou acesso a condições para o gerir de forma saudável.
Um estudo promovido pela Evax, efetuado pela Spirituc – Investigação Aplicada e divulgado no início deste mês, concluiu que 12% das portuguesas entre os 18 e os 24 anos já faltaram às aulas por não terem dinheiro para adquirir produtos menstruais e que 23,5% recorrem a alternativas como lenços, um segundo par de cuecas, algodão, roupa velha ou meias.
Se nem o acesso a produtos de higiene menstrual está garantido, em nenhum país do Mundo, quanto mais o acesso a produtos ambientalmente responsáveis. Por isso, apesar de ser relevante pensar no impacto dos produtos menstruais descartáveis – usamos mais de 45 mil milhões de tampões e pensos por ano, acumulando mais de 200 mil toneladas de lixo em aterro, sendo que estes produtos e respetivas embalagens têm plástico e levam 500 a 800 anos a decomporem-se – essa preocupação não deve pertencer, apenas, a quem menstrua: os governos deverão regular as empresas produtoras de produtos menstruais e facilitar o acesso a soluções saudáveis, ecológicas e duradouras, nomeadamente:
• Pensos de pano: a mais antiga das soluções tem vindo a ser melhorada e é, agora, muito mais confortável; deve lavar-se o sangue com água fria antes de levar à máquina da roupa para que durem mais de cinco anos;
• Copo menstrual e disco menstrual: introduzem-se no canal vaginal e recolhem três vezes mais sangue menstrual do que um tampão; devem ser enxaguados com água fria ao retirar e, depois de estarem livres de sangue, lavados com água quente e sabão; devem ser esterilizados no início de cada ciclo e antes de serem guardados; o disco permite penetração sexual; custam entre cinco e 25 euros e duram até dez anos;
• Cuecas menstruais: parecidas com as comuns, têm várias camadas de diferentes tecidos para absorver o fluxo e manter a superfície seca; dependendo da intensidade do fluxo, podem ser usadas mais de 24 horas; o sangue lava-se com água fria para que durem mais de cinco anos; a gestão requer que se adquiram, pelo menos, três pares; custam entre 15 e 35 euros cada.
Tendo capacidade para adquirir três pares, estas últimas parecem ser a solução ideal para a primeira menstruação: têm capacidade para aguentar o fluxo de um dia de escola e todas as meninas sabem usar cuecas, pelo que não há curva de aprendizagem.
*A NM tem um espaço para questões dos leitores nas áreas de Direito, Jardinagem, Saúde, Finanças Pessoais, Sustentabilidade e Sexualidade. As perguntas para o Consultório devem ser enviadas para o email [email protected].
