Universidade do Algarve quer reduzir contaminação de bivalves

Inês Costa integra o projeto Depuratox, a par de Maria de Lurdes Cristiano e de Joana Leal

Projeto Depuratox centra atenções nas biotoxinas diarreicas e paralisantes para aumentar segurança alimentar e proteger atividade económica.

Reduzir a contaminação por biotoxinas marinhas em mexilhão, berbigão, amêijoa e outros bivalves, tornando o seu consumo mais seguro e salvaguardando uma atividade económica importante no Algarve e noutros pontos do Globo. Estes são os objetivos do Depuratox, um projeto que juntou investigadores da Universidade do Algarve e do Centro de Ciências do Mar e contou com a colaboração da Cooperativa de Viveiristas da Ria Formosa. A equipa, liderada por Maria de Lurdes Cristiano, desenvolveu soluções promissoras e espera em breve dar novos passos para as tornar economicamente sustentáveis.

Para este trabalho, os investigadores centraram atenções nas biotoxinas diarreicas (DSP), que dão origem a problemas no sistema gastrointestinal e são comuns no Algarve, e nas paralisantes (PSP), que afetam o sistema nervoso central e podem ser fatais. Para ambas conseguiram desenvolver materiais que, seletivamente, absorvem as moléculas tóxicas. Houve situações, em que registaram uma absorção de biotoxinas na ordem dos 80%.

Maria de Lurdes Cristiano acredita que desta forma, para além de aumentar a segurança alimentar, será possível “melhorar a qualidade de vida da população”, que vê o seu rendimento afetado quando a apanha é interdita devido a contaminações por biotoxinas marinhas. E espera que um dia seja possível transferir este conhecimento e soluções para zonas menos desenvolvidas no Mundo, onde os bivalves são uma importante fonte alimentar, mas não há controlo a nível de toxinas. Poder-se-ia desta forma “ajudar” pessoas mais desprotegidas, considera a investigadora.

Maria de Lurdes Cristiano (à esquerda), Joana Leal (à direita) e Inês Costa compõem a equipa do projeto Depuratox

O projeto, que teve apoio do Mar 2020, terminou no início deste ano. Entretanto, uma investigadora conseguiu contrato com a Fundação para a Ciência e Tecnologia e deverá dar algum seguimento ao trabalho. Os investigadores aguardam a abertura do Mar 2030 para submeterem candidatura a novo financiamento.

Os resultados obtidos com o projeto Depuratox são “muito promissores”, sublinha Maria de Lurdes Cristiano, explicando que se pretende tirar partido do novo conhecimento no processo de depuração dos bivalves. No entanto, é preciso encontrar forma de os materiais que “absorvem” as biotoxinas poderem ser reutilizados, tornando o processo economicamente sustentável.