
Sempre quis trabalhar em cinema, mas, como não vislumbrava perspetivas em Portugal, optou pela arquitetura. Hoje, faz desenho técnico de cenários em produções sonantes. A partir de Londres.
Ainda a entrevista não começou e já Olavo, natural de Braga, jura que está habituado a contar o percurso que tem feito. De facto, a narrativa sai-lhe fluida, sem hesitações, tem a cronologia na ponta da língua, já se acostumou a que o trabalho na área do cinema desperte curiosidades várias. Ele sempre soube que gostava de ir por aí, mas cedo percebeu que o panorama em Portugal não lhe permitiria “trabalhar em projetos de grande escala”, projetos ligados à construção de cenários, como queria.
Tentou então a arquitetura, convencido de que haveria pontos em comum. “Mas depois percebi que não tinha nada a ver.” Acabou o curso ainda assim, encantou-se com as maquetes, começou até a trabalhar como maquetista em Braga.
Depois, em 2015, disparou candidaturas para empresas de maquetagem do Reino Unido. “Sabia que era muito difícil entrar diretamente no cinema.” Mudou-se logo nesse ano, depressa se fascinou pela multiculturalidade de Londres, mas andou uns anos a esbarrar no “nepotismo” vigente, na área do cinema, pelo menos. Isto até saber de um curso de Desenho Técnico para Cinema que prometia abrir portas. E abriu.
Ao fim de várias reuniões com diretores de arte, um deles deixou-se seduzir pelo portefólio de Olavo, prometeu-lhe que lhe diria se soubesse de algo, assim fez. Em dezembro de 2018, o português estreava-se como model maker [maquetista] em “Morbius”, filme inspirado na banda desenhada da Marvel. “A partir daí, tive alguma sorte, acho que tenho estado sempre no sítio certo”, atira, modesto. Tanto que já foi “promovido” a set designer [faz desenho técnico de cenários]. E até já tem no currículo trabalhos para a Warner Bros (“Batman”) e a Netflix (“Enola Holmes 2”, por exemplo). To be continued.
Olavo Abrantes
Localização: Londres, Reino Unido 51° 30’ 26” N 0° 07’ 39” O
Cargo: set designer
Idade: 35 anos