O futuro do têxtil está nas plantas

United Colors of Benetton | Vestido em linho puro | 47,95 euros

Linho, cânhamo, cardo, milho, folha de bananeira, urtigas, ananás. As roupas feitas com fibras naturais são uma tendência sem freio. Produções que se revelam confortáveis, sustentáveis e com um estilo muito próprio.

Fibras alternativas, amigas do ambiente. Não geram desperdício de água, nem de outros elementos. Por isso, atraem cada vez mais o interesse da indústria têxtil. Feitas a partir de frutas como o ananás, de ervas como as urtigas, de folhas como as de bananeira. Linho, cânhamo, cardo e até o milho já eram mais usuais. A questão é que têm feito um caminho consistente. “Existem diversos produtos têxteis no mercado que incorporam estas fibras, sozinhas ou em misturas com algodão, por exemplo”, explica Carla Joana Silva, diretora do Departamento de Química e Biotecnologia do CITEVE (Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal).

Os benefícios de usar este tipo de tecidos são muitos. “São mais benéficos para a saúde dos seus utilizadores, uma vez que são geralmente bem tolerados por todos os tipos de pele, mais respiráveis e mais confortáveis, em comparação com as fibras sintéticas, como o poliéster e a poliamida”, afirma a responsável.

No processo de confeção, estas fibras têm ainda a vantagem de serem mais amigas do ambiente, pois não geram grande desperdício de água, nem de outros elementos. Por isto, chamam cada vez mais a atenção da indústria têxtil, comparadas com os “tecidos normais” do mercado. “Podemos extrair fibras de resíduos agrícolas, resultantes da produção de bens alimentares, como por exemplo de frutas (banana e ananás) ou cereais (milho), valorizando estes subprodutos como matéria-prima”. Além de tudo, tendem a ser mais eficientes no que toca à decomposição. Comparando com outro tipo de material, que demora mais tempo a decompor-se por ter, por exemplo, microplásticos.

“Portugal tem sido apontado como uma referência no que concerne à aplicação das melhores práticas disponíveis e pelo uso das matérias-primas mais sustentáveis”, garante ainda a especialista, acrescentando que “os preços destas fibras ainda são ligeiramente mais elevados do que os das fibras convencionais”, porque, apesar do seu crescimento no mercado, “estas novas fibras ainda são produzidas numa escala reduzida, o que se traduz num custo superior”.

Ainda assim, parece ser um caminho sem volta. Já são muitas as marcas a apostar em fibras alternativas na confeção das suas peças. Um dos exemplos deste crescimento é o projeto-piloto BE@T (liderado pelo CITEVE), que envolve um consórcio de 54 promotores, entre empresas, universidades, centros tecnológicos e outras entidades, que trabalharão em parceria no desenvolvimento de novas matérias-primas, tecnologias e equipamentos de fabrico e processamento. Assim, a indústria têxtil nacional vai investir 138 milhões de euros na bioeconomia sustentável, procurando a mudança de paradigma para o setor e a criação de produtos de alto valor acrescentado a partir de recursos biológicos, em alternativa às matérias de origem fóssil.

Levi’s | Camisa feita a partir de celulose (eucaliptos) | 116 euros
Adolfo Dominguez | Vestido em linho e algodão | 69 euros
Parfois | Calças em lyocell | 29,99 euros
Quebramar | Vestido em lyocell | 30 euros