Coaching. A vida deles é ensinar os outros a vencer na vida

O fenómeno Éder no Euro 2016 chamou a atenção mediática. E o coaching - que há muito existia - entrou no dicionário dos portugueses para nunca mais sair. Balança entre o descrédito e a grande procura. E sim, há quem viva só disto. Um mundo que não se esgota e que cresce a olhos vistos.

No cronómetro, corria o minuto 109. Éder tinha substituído Renato Sanches a 12 minutos dos 90. E foi já no prolongamento frente à França que o remate rasteiro bem de fora da área se transformou num golo maior do que ele. Histórico. Foi a euforia. A maior vitória de Portugal numa competição de futebol. A seleção nacional venceu o Euro 2016 e o patinho feio virou herói. Logo na flash interview, Éder atribuía o sucesso a um nome: Susana Torres. E terá sido aí que o coaching entrou em força no dicionário dos portugueses.

“Foi um momento de viragem em termos mediáticos. Já tinha clientes de coaching, já trabalhava muito, mas o Europeu permitiu-me escalar o negócio e, acima de tudo, dar visibilidade à metodologia que, até aí, ainda era muito vista como banha da cobra.” O trabalho de Susana com Éder durava há dois anos. “Quando comecei a trabalhar com ele tinha zero golos – e ele é ponta de lança. Um ambiente muito severo, toda a gente o criticava, sem sonhos, objetivos, não acreditava nele. Foi preciso pegar nisso tudo e construir.” Comecemos pelo princípio. Aos 35 anos, em 2012, Susana Torres deixou o trabalho na banca para ajudar gestores e atletas a atingir objetivos. “Era uma coisa nova, não havia grande histórico nem referências. Havia meia dúzia de coaches em Portugal.” Tinha um bom emprego, um bom ordenado. Mas sentia-se estagnada e era apaixonada pela “transformação de pessoas”.

Viajou até aos Estados Unidos para se formar em Coaching e em Programação Neurolinguística (passou até pela Universidade Harvard, onde cursou Estratégias de Coaching para Líderes). Quando voltou, a sonhar trabalhar com CEO de topo em Portugal, levou uma chapada de luva branca. Afinal, ninguém a conhecia e nem a formação lhe valia. Até aparecer Éder. Susana foi ver um jogo de futebol e acabou por conhecê-lo. “Ele decide fazer coaching comigo e começo a aplicar tudo o que aprendi nele.” De seguida, vieram outros jogadores. Em 2015, Susana Torres já acompanhava 12 atletas. Depois veio o Europeu – e a história que já se sabe -, e o treinador Sérgio Conceição juntou-se à lista de clientes. “O coaching aplicado ao desporto é ótimo. Porque é o que falta aos atletas, o treino mental para serem capazes de tomar boas decisões em campo.” Susana nunca mais parou. Hoje, trabalha na área do desporto (da alta performance) e das empresas, “num patamar elevado de clientes”. Faz sessões semanais, que levam cerca de hora e meia. No caso dos atletas, acompanha-os ao longo de toda a época desportiva, numa correria de viagens constantes. Já trabalhou com Bruno Fernandes, Jonas, Luisão, Podence, Matheus Pereira. Nas empresas, a média ronda os três a seis meses de trabalho.

Mas o que é, afinal, o coaching? “É o processo de perceber quem é a pessoa, quais as suas forças e fraquezas, quem quer ser, qual o seu contexto, os objetivos. E eu ajudo a chegar lá, a melhorar resultados, com planeamento estratégico e o desenvolvimento de competências. Não tem nada de esotérico, sou muito prática.” Susana criou até uma metodologia própria e dá formação sobre ela a pessoas de todo o Mundo. Na Academia de Alta Performance emprega coaches formados com base no seu método. “Surgiu porque eu não dava resposta a tudo. Assim podemos servir toda a gente a um preço mais acessível. Para ser comigo, paga-se dois mil euros por três dias, não é para qualquer um. Os coaches que formei estão espalhados por nove países e trabalhamos sobretudo virtualmente.” A sede é em Ponte de Lima, onde Susana mora há muitos anos.

Tem uma vida a mil à hora. Entre livros já conta com “Vai correr tudo bem”, que assinou com Éder, e o “O milagre da excelência”, espécie de manual com ferramentas que qualquer pessoa consegue aplicar, lançado este ano. Ainda gere a empresa Sport World Coaching SWC, que criou com Gilberto Silva – campeão do Mundo pela seleção do Brasil em 2002 – e tem o podcast ZoomCast. Susana assume sem pruridos que “é possível viver muito bem desta área”. Uma área que ainda cria divisões.

Mas, para Susana Torres, a linha que separa a psicologia e o coaching é fácil de desenhar. Tão bem marcada quanto a sua posição. “É totalmente diferente. Vejo-as como áreas complementares. A psicologia olha muito para o passado, para as causas das limitações, e o coaching olha para o futuro, tenta desenvolver ferramentas para sair dali.” Ainda assim, reconhece, sem fantasmas, que “os psicólogos levam uma vantagem muito grande, estudaram pelo menos seis anos, uma bagagem que um coach nunca vai ter, a menos que seja formado em Psicologia”.

Tal e qual Jorge Sequeira, um dos mais influentes palestrantes do país. Contas feitas, ao longo dos últimos vinte anos, fez mais de um milhar de palestras motivacionais, sobretudo no contexto empresarial (e muitas ações de team building). “É o que me põe comidinha na mesa.” Também se destaca no mundo desportivo. É psicólogo, professor universitário, coach. E arruma já o assunto, com o sentido de humor que raramente desmancha. “Tudo começou há 35 anos, quando decidi fazer um curso a sério, o de Psicologia Clínica e da Saúde.” Ainda fez mestrado focado na área do desporto e um doutoramento em treino mental e superação pessoal. “Que me demorou uma década”, sublinha, para logo se justificar: “Não sou melhor do que ninguém, mas não brinco aos cowboys. Estudei a sério o comportamento humano, fiz investigação com atletas de topo. Sou psicólogo do desporto. Por isso, dá-me uma certa urticária quem, hoje, vai tirar um curso de coaching mágico num fim de semana num hotel. É brincar aos feiticeiros, com a vida das pessoas”.

É um dos mais influentes palestrantes do país. Psicólogo e coach, Jorge Sequeira acompanha grandes empresas, da Galp à Pfizer. E, no mundo desportivo, já foi coach de treinadores como Jesualdo Ferreira ou Abel Ferreira

Jorge, 56 anos, acumula três décadas de estudo. Dúvidas? Tem tantas. “Trabalho com as melhores empresas e mesmo assim sinto limitações em alguns casos.” Sonae, Galp, Pfizer, EDP, BMW, Toyota, Nestlé. E com grandes nomes do desporto também. Abel Ferreira, José Mourinho, Bruno Lage, Jesualdo Ferreira, clubes, Federação Portuguesa de Futebol (onde deu a disciplina de Psicologia do Desporto a muitos técnicos). “Muita gente resume tudo a motivação, o que é falso. Treino competências mentais.” Desde a responsabilização pessoal – “só podemos melhorar e acabar com as desculpas se tivermos consciência que temos fragilidades e que a culpa não é sempre do outro” -, a resiliência, a atenção, a comunicação, a liderança. “Tudo isto se pode treinar e trabalhar. É esse o meu papel. Trabalho, na maior parte das vezes, com os líderes, porque eles influenciam os outros.”

E são exatamente estas competências que aborda no best-seller “Dar ao pedal”, filho de uma pandemia sem trabalho, onde inclui exemplos práticos. “Não se passa de uma pessoa com resultados fracos para um atleta olímpico de um dia para o outro. Leva tempo. É como pegar numa bicicleta. É preciso aprender a pedalar, a saber gerir o esforço, e que alguém me diga como se faz.” Jesualdo Ferreira foi o primeiro treinador com quem trabalhou, estava o técnico no Sporting de Braga. “Foi-me buscar ao doutoramento, acreditou em mim e quis perceber se isto do coaching servia para alguma coisa. Foram três anos. Sentava-me com ele enquanto ele treinava a equipa, noutras vezes íamos ao café.”

Um método despretensioso de quem gere a empresa Team Building e de quem sonha conhecer todos os países do Mundo (já vai em 130) e que até já foi candidato à Presidência da República, em 2016. Foi desde essa primeira experiência com Jesualdo que fez carreira. Só tem pena da descredibilização em que caiu o coaching. “Não se brinca com coisas sérias e se há coisa que é séria é a mente. Claro que isto tem que ser regulamentado.”

A Ordem dos Psicólogos emitiu um parecer, em 2016, onde referia haver “um número indeterminado de pessoas e instituições a reclamar o exercício de atividades de coaching” em Portugal. E alertava que “o coaching é um negócio não regulado, pautado por muitas pseudo-qualificações, acreditações sem significado e grandes nomes autorreconhecidos como líderes na matéria”. Acrescentava ainda que o coaching se situa na “interseção da Psicologia Clínica, do Desporto, Organizacional e da Saúde” e que os psicólogos há muito que estão envolvidos em atividades de coaching. Sim, há psicólogos especialistas em coaching psicológico, certificados pela Ordem. Jaime Ferreira da Silva, presidente do Conselho de Especialidade de Psicologia do Trabalho, Social e das Organizações da Ordem foi um dos pioneiros em Portugal. Começou a trabalhar com executivos nos anos 2001 e 2002.

“É uma relação de ajuda direcionada para pessoas que querem treinar competências, mas não têm queixas clínicas, ou seja, não estão deprimidas, ansiosas, em burnout. Querem ajuda especializada para pensarem melhor.” Jaime Ferreira da Silva é duro nas palavras quando diz que “o coaching exercido por não-psicólogos é uma fraude, uma usurpação, uma indústria em que qualquer pessoa pode fazer uma formação, que normalmente é muito incipiente, desde que pague”. E quando o coaching é feito por alguém que não “está habilitado para isso vai fazer estragos”.

Todos os anos, recebe “pessoas que andaram com os aprendizes de feiticeiro”. Ainda assim, acredita que atualmente “o mercado está mais informado”. E cada vez mais as necessidades de ajuda psicológica “são híbridas”. “Pessoas com questões de ansiedade ou humor mais deprimido, que também têm necessidades profissionais, nomeadamente como ser mais organizado, gerir melhor o tempo, liderar melhor equipas.” Por isso, o coaching “é útil e recomenda-se”. Um coach é “uma espécie de personal trainer da mente”.

Mas, destaca, “tem que haver um pensamento psicológico de suporte, que demora anos de estudo a consolidar, porque ‘one size doesn’t fit all’ [em português: um tamanho não serve para todos]. A realidade é muito maior do que um manual simplista, que tem soluções simples e rápidas para problemas complexos”. Aqui, aponta mais o dedo ao life coaching – “um rebranding fraudulento da psicoterapia” – do que ao business coaching feito por não-psicólogos, em que não vê “tantos problemas, porque na esfera das empresas o escrutínio é grande”.

Empresas procuram cada vez mais

Certo é que sobretudo as empresas procuram cada vez mais o coaching, numa noção clara da importância da saúde mental nas organizações. E a pandemia, segundo Jaime Ferreira da Silva, também teve dedo nisso, a servir como alerta e acelerador na desmistificação. Mariana Arga e Lima é coach de negócios e executivos. Procurou o coaching como ajuda depois de dois filhos e de uma fase em que se sentia “um bocadinho vazia”, no ido ano de 2012. Daí até perceber que gostava de estar do outro lado, ser ela própria a coach e ir fazer formação foi um salto. Diz-se engenheira de formação, gestora de profissão e coach de paixão.

Chegou a fazer life coaching, mas logo acertou as agulhas para o mundo empresarial. O background profissional ajudou neste caminho. Foi assessora de administração em grandes empresas como a Vodafone, diretora do grupo do jornal “A Bola”. E, hoje, soma à consultoria de negócios o coach de empresários. “Obviamente toda a minha experiência na área da gestão é importante. Ajudo empresários, tenho que entender de negócios, saber ajudá-los, dar-lhes ferramentas.”

Enquanto no trabalho de consultoria Mariana olha para números, para indicadores, para o negócio, o lado de coach surge “quando o ânimo do empresário vai abaixo, quando as dificuldades aparecem”. “Ao contrário da consultoria, não é aconselhamento, ajudo a pensar, a fazer com que as pessoas encontrem as próprias respostas.” Conta cinco anos a fazer disto vida, a viver da consultoria e do coaching a tempo inteiro. E se no início teve que andar a “escavar”, hoje “os empresários estão muito mais abertos à ajuda”. Acompanha pequenas e micro empresas, em reuniões semanais com os CEOs. “As empresas que acompanho regularmente durante o primeiro semestre deste ano tiveram um crescimento em relação ao primeiro semestre de 2021. Mais de 20% de faturação e de resultado líquido”, assinala.

Mariana faz webinares, lançou o podcast “Clube de empresários” e o livro “Executive coaching”, que assina com Paulo Vilhena. Conhece bem o descrédito em que os coaches muitas vezes caem e realça que é preciso “separar o trigo do joio”. “Acho que o mercado acaba por fazer essa triagem naturalmente. Nem toda a gente que diz que é coach está capacitada para isso. Tem que ter formação sim, mas acima de tudo tem que ter muito cuidado e muita noção.”

Mariana Arga e Lima é coach de empresários. Mas à atividade ainda soma a consultoria de negócios. Depois de uma vida profissional dedicada à gestão, mudou de rumo e hoje acompanha cerca de uma centena de pequenas e micro empresas

À falta de regulação na área, entidades como a International Coach Federation em Portugal (há outras também) tentam fazê-lo. Como? Certificando coaches, para assim dar mais segurança aos clientes. “Na ICF há três níveis de certificação. O primeiro exige 60 horas de formação e uma experiência de pelo menos 100 horas com clientes. O segundo obriga a ter 125 horas de formação completas e 500 horas de experiência. O terceiro implica um mínimo de 200 horas de formação e 2500 horas de experiência. Isto de forma muito genérica”, explica Anabela Possidónio, da ICF. E a certificação tem que ser constantemente renovada.

Por cá, a ICF conta 202 membros. No Mundo, soma mais de 40 mil coaches certificados. “E mantendo-se o ritmo de crescimento, o número vai continuar a aumentar.” Por isso mesmo é que a “ICF é muito criteriosa na forma como atribui credenciais”. “O problema é que se chama coaching a muitas coisas que na realidade não são. Assume-se que quando se faz uma formação de fim de semana se é coach. É isso que tira o caráter sério à profissão.” Segundo Anabela, que defende que não tem que se ser psicólogo para se ser coach, há várias áreas de atuação no coaching e “começa a haver um trabalho conjunto no sentido da profissionalização, para que seja uma profissão regulada de alguma forma, criando standards de formação, de competências, códigos de ética”.

Do life coaching ao infantojuvenil

Nos mil e um mundos que cabem neste pote, o life coaching é um dos mais afamados. É aí que entra Mário Caetano, autor de vários livros, do documentário “Spiritual mindset”, disponível no YouTube, e do podcast “5 Passos para derrubares os limites da mente”. Recuemos a janeiro de 2006 quando começou a receber sessões de coaching, através da empresa onde trabalhava. Logo no final desse ano quis formar-se como coach – e já fez várias formações desde então. Mas só depois de investir em três startups que acabaram por falir é que se reinventou e encontrou no coaching um caminho. “Costumo brincar referindo que ganhei o melhor dos presentes, ganhei uma enorme dívida, que me fez ir ao fundo e perceber do que sou feito.”

Foi em 2008 que passou a ajudar pessoas “a descobrirem o seu propósito de vida, através de retiros presenciais, sessões de coaching individuais e mentorias de grupo”. “O coaching é apenas uma das ferramentas que utilizo, através da qual as pessoas ganham uma enorme clareza sobre quem são, onde estão, para onde querem ir e o que precisam de fazer para lá chegar.” O documentário que lançou, que relata o processo de transformação de 14 pessoas numa viagem de seis dias à serra da Estrela, é um bom retrato. “A mensagem vai para além da exposição ao frio, da meditação. O documentário mostra como as pessoas se podem unir e transcender, superando dificuldades que julgavam ser impossíveis de derrubar.”

Autor de vários livros e do documentário “Spiritual mindset”, Mário Caetano é life coach. Rendeu-se ao mundo do coaching depois de ter experimentado e, desde 2008, ajuda pessoas a “descobrirem o seu propósito de vida”

Do life coaching para o coaching direcionado para crianças e adolescentes, este é um universo sem fim. A história de Paula Pinto de Almeida não é inédita. É coach na área infantojuvenil e familiar. Como? “Trabalhei toda a vida na área do marketing e fui fazer uma formação em coaching em 2019.” Foi assim que despertou para este mundo e percebeu que quanto mais cedo o método fosse aplicado, mais eficaz seria. Daí ter decidido dedicar-se ao universo infantil (fez formações específicas). Desde então, com uma amiga, já lançou o evento Spoiler. Aconteceu na Maia, em outubro, e abordou inteligência emocional e dúvidas dos jovens de diferentes escolas. A ela juntaram-se o coach Jorge Coutinho, o empreendedor David Oliveira e o influencer Lucas with Strangers.

Agora, o sonho é “entrar nas escolas”, com uma presença mais consistente. Tem tentado fazer essa abordagem. Para já, vai fazendo sessões individuais. São os pais que a procuram, vão conhecendo no passa-palavra ou através das redes sociais. “O princípio do coaching para crianças e jovens é o mesmo, mas a forma como se faz é que é diferente. É muito mais lúdica, adaptada.” Paula considera que “os jovens também têm objetivos” e que nem sempre são condizentes com os dos pais. “Um discurso típico é o ‘ah, não sei o que quero fazer, não tenho jeito para nada’. Não é verdade, todos temos jeito para alguma coisa. E é isto que trabalho com eles.”

Paula Pinto de Almeida é coach na área infantojuvenil e familiar. Um universo menos conhecido no coaching. O princípio, diz, é o mesmo, mas a forma como se faz é muito mais lúdica e adaptada, com recurso a bonecos e outras ferramentas

Já acompanhou, por exemplo, uma jovem de 16 anos que quer ser médica. “Ela não tinha os resultados necessários. Então aquilo que fiz foi um trabalho de perceber o que está ao alcance dela e quais os caminhos que pode tomar para poder vir a tornar-se médica. Fiz um planeamento diário, que inclui horas de estudo, fazer isto ou aquilo. E alternativas para o caso de chegar ao final e não atingir o objetivo.” O acompanhamento pode levar entre três meses a um ano e incluir os pais e outros membros da família. “São ferramentas que depois ficam para a vida.”

À semelhança de demais coaches, Paula já consegue viver só desta atividade. A verdade é que, apesar dos muitos descrentes, o fenómeno enraizou-se e não pára de crescer.