Paredes de Coura, paraíso de música. E de muito mais

O recinto é acidentado e as estradas às curvas. Depois, aquela paisagem: anfiteatro natural, rio, Natureza. Maria da Luz coordena a cozinha, Joaquim Sousa faz o que é preciso, Catarina Viana olha pela bilheteira, Marco Carvalho trata da logística, João Carvalho da organização. Esta equipa não sobe ao palco, mas faz tudo mexer. O Vodafone Paredes de Coura arrancou esta terça-feira. A vila continua no mapa. E o comércio local agradece.

As montagens começaram. Ao fundo, anda um trator a espalmar as ervas na zona do campismo, quer-se tudo limpo e arranjado para os festivaleiros montarem as tendas. No rio, ergue-se a segunda ponte, quatro homens com fatos de mergulho enterram tubos de ferro à martelada. O palco principal mostra o que será, a sua habitual configuração ao fundo do anfiteatro natural, os panos pretos que o revestem atrás e dos lados serão colocados no sítio certo, e a tenda do palco Vodafone estará pronta não tarda. O Festival Vodafone Paredes de Coura começa terça-feira na praia fluvial do Taboão.

Nos últimos meses, João Carvalho, responsável pela Ritmos – Agenciamento e Produção de Artistas e Espetáculos, que organiza o festival, não arreda pé do recinto. São mais de 60 empresas envolvidas, 700 pessoas nas montagens, 1300 a trabalhar durante o festival, capacidade para 25 mil festivaleiros por dia. “Há uma excitação muito grande com a edição deste ano, as vendas estão a superar as expetativas.” Sabe de gente que rasgou o bilhete comprado há dois anos para comprar outro. A pandemia foi um balde de água fria. “Não foi um, foram vários”, atira. Agora, tudo a postos para a 29.ª edição. “Este é um festival de sentimentos e emoções.”

Tudo a postos para mais uma edição, depois de meses de preparação e de dois anos de pandemia. Ao todo, 1300 pessoas a trabalhar em permanência

Há muito para tratar, é a limpeza, é o pessoal de apoio ao campismo, são quatro áreas de alimentação. João Carvalho é de Paredes de Coura, ser da terra tem destas coisas, batem-lhe à porta, um passo na vila significa dois dedos de conversa, o telefone sempre a tocar. “Depois do festival montado, isto funciona por si.” Afinal de contas, a máquina está oleada. “Chamamos ao festival o nosso pequeno milagre, de fazer acontecer no meio do monte, no interior mais profundo do país, um festival que marca tendências, que contribui para a forma como se ouve música em Portugal.” “Chamo a Paredes de Coura casa e isso ajuda-me muito”, confessa. Assim até parece que não custa.

Maria da Luz sabe o que isso é. “É um reencontro, somos mesmo uma família”, diz. Mais uma vez, vai gerir a cantina do festival, para artistas e staff, na escola primária da vila a poucos quilómetros do recinto. São 14 mulheres sob sua alçada, há quase dois meses que anda à volta de orçamentos, preços, quantidades, e da ementa diária de três pratos, peixe, carne, vegetariano, para os almoços e jantares. Tira férias da Câmara, onde é coordenadora técnica na área da tesouraria e contabilidade, para tratar da comida e do catering.

É muita freima, comida não pode faltar e nunca faltou. Pelas suas contas, são à volta de mil refeições por dia. “Trabalhamos com o comércio local, que já está de prevenção”, conta. Nada congelado, peixe fresco, carne fresca, fruta fresca, até os rissóis são caseiros, da massa ao recheio. Capricha-se no que se serve. Arroz de pato, feijoada, cabrito, salmão, truta, lulas, arroz-doce, leite-creme. A receita, essa, não varia: comida caseira e simpatia. “Ao fim de muitas horas de trabalho, de muito cozinhar, há sempre aquele sorriso.” E o tempo não pára.

Joaquim Sousa, 64 anos de vida, 15 de festival, também não pára. É um faz-tudo. Contactos para alugar os terrenos do festival. “Tento falar com os proprietários, regatear, é para alugar, não é para comprar.” Leva e traz bandas do aeroporto, gere o material que está no armazém da Ritmos, contrata a equipa de limpeza, uma vez, teve de arranjar uma mesa de pingue-pongue para uma banda. Compras, faturas, pedidos. “Todos os colegas contam com a minha ajuda em diversos campos.” Quase tudo lhe passa pelas mãos. “Às vezes, recebo dez pedidos no telemóvel e lembro-me de tudo”, garante.

Marco Carvalho tinha 11 anos, lembra-se bem do dia que o irmão João lhe pediu para ir a casa buscar cobertores para os músicos que tinham frio. Cresceu com o festival. “O bichinho fica sempre”, confidencia. Hoje é responsável pela parte de infraestrutura e logística, da coordenação de uma série de empresas externas à produção, dezenas de fornecedores – já fez um pouco de tudo, na comunicação, na parte gráfica. O telemóvel não pára, indicação para aqui, orientação para acolá, é muita coisa, eletricidade, palcos, contentores, o backstage será maior este ano. Sete mil metros cúbicos de ferro, dois quilómetros de vedações, cerca de cem contentores.

Marco Carvalho trata da logística e das infraestruturas

Há um Excel onde está tudo e que, por vezes, serve de cábula, mas a maioria está na cabeça. Mesmo com tudo definido, há sempre alterações, ajustes, questões maiores ou menores, adaptações, e Marco quer tudo a 100%. “Estamos em constante mudança e reação, reagimos a problemas que vão surgindo”, adianta.

Laboratório musical que cria tendências

Catarina Viana gosta de passar despercebida, é ela que trata da bilheteira e dos acessos. Em 2003, na sua primeira edição como festivaleira, e assim foi até 2011, sempre a mesma interrogação. O que era preciso fazer para fazer acontecer aquele festival? “Parecia tudo pronto, questionava-me sempre o que é preciso fazer, onde estão as pessoas que o fazem acontecer? Estarão aqui no meio, onde estarão neste momento?” Foi então que tomou a decisão. “Decidi que ia trabalhar em festivais.” Em 2012, estava no Paredes de Coura, do outro lado. Agora ocupa-se das vendas, do marketing digital, do acesso ao recinto, staff, público, artistas, convidados, jornalistas, gere uma equipa de 50 pessoas.

Pragmatismo, acima de tudo. “Tudo aquilo que se pensa é para executar em poucos dias. Batemos bolas sobre as coisas”, explica. “Há aqui uma história de anos de ligação à terra e ao festival”, acrescenta. Por isso, nada de defraudar expetativas. Catarina é das primeiras a chegar ao recinto e das últimas a sair. Talvez no sábado, quando a noite estiver a acabar e o festival a terminar, consiga ouvir um bocadinho de música como deve ser.

Catarina Viana é responsável pela bilheteira e acessos

Na rotunda mais próxima do recinto, há um grande cartaz com a fórmula que todos pressentem: Amor + Música = Couraíso. O festival começa terça-feira com música portuguesa (e serão mais de 40 bandas nacionais em todo o cartaz). Na verdade, já arrancou com o Palco Sobe à Vila que ocupou a programação nos últimos quatro dias e que reforça a cumplicidade com as gentes da vila. Na quarta, 17, Beach House e Idles fecham a noite. Na quinta, é a vez de Turnstile e, na sexta, The Blaze. No sábado, último dia, Pixies encerram mais um festival.

Trabalho não falta, a produção já está em contactos para contratar as bandas para a edição de 2023, que será a 30.ª, sempre com os olhos mais além. “Paredes de Coura tem essa vontade de apostar no que vem a seguir, é uma espécie de laboratório musical. Trazemos nomes que sentimos que se vão agigantar”, refere João Carvalho. É um festival que cria e mostra tendências, como aconteceu com Arcade Fire, Coldplay, National, LCD Sound System, Queens of Stone Age, nomes que ainda poderiam ser estranhos aos ouvidos dos portugueses e que explodiam na cena internacional.

João Carvalho, da Ritmos, chama-lhe “o nosso pequeno milagre.” E está em casa

É um festival que abre caminhos. E é um festival com as suas idiossincrasias. Os terrenos do recinto pertencem a dezenas de proprietários, todos os anos é preciso negociar o aluguer dessas parcelas de terra. Processo complexo, explica-se o projeto, repete-se a história, salientam-se os benefícios do festival. “Gerimos cada caso com a sensibilidade necessária”, realça João Carvalho.

Um festival fora da cidade é sempre um festival fora da cidade. “Fora dos grandes centros é mais caro de se fazer.” A gestão dos patrocínios é uma questão pensada e maturada, de saber estar, de não ofuscar o que ali é essencial e que é a música. “Não deixamos as marcas gritar, não deixamos que sejam intrusivas, proibimos o brinde banal”, sintetiza João Carvalho. Por isso, o maior patrocinador obedece aos requisitos máximos. “A Vodafone percebe perfeitamente o ADN do festival.”

O plano de segurança está traçado, há mais extintores no recinto. Cláudio Rocha, comandante dos Bombeiros de Paredes de Coura, conhece o espaço de olhos fechados. “Há pontos exatos por onde evacuar as pessoas”, assegura. Tudo a postos portanto, briefings diários, posto de comando instalado ao lado do posto médico no espaço do festival, quatro equipas de 25 bombeiros, 24 horas por dia. “Existe uma ordem de operações para que todos saibam o que é preciso fazer.” O socorro é a prioridade. Em permanência estará uma ambulância e um carro de combate a incêndios.

Marco Carvalho fala numa visão a 360º graus, é preciso ver tudo, olhar por tudo, sair e voltar à folha de Excel quantas vezes tiver de ser. “É um recinto complicado por ser acidentado, tudo aqui ou está a descer ou está a subir.” E a pressão, a inevitável pressão. Depois, respira-se fundo alguns minutos antes de tudo finalmente acontecer. “Há uma libertação de adrenalina quando abrimos as portas, festejamos a abertura, bebemos a primeira cerveja, e vamos trabalhar.” E como esquecer o espanto de algumas bandas quando ali chegam? As que se estreiam, que aterram no aeroporto, entram na autoestrada, e depois seguem por estradas mais estreitas e cheias de curvas pelo meio de montes. “Chegam a esta clareira e ficam doidas, acham que estão a sonhar.”

Cláudio Rocha, comandante dos Bombeiros, olha pela segurança

“Estamos sempre a tentar chegar à perfeição máxima”, revela Marco. Catarina também puxa dessa palavra. “Somos perfeccionistas, ou tentamos ser, estamos sempre a pensar como podemos fazer melhor, é um trabalho que nunca acaba. É uma coisa cíclica, estamos a fazer acontecer 2022 e já estamos a pensar em 2023.” Ainda hoje, Catarina não tem uma resposta objetiva para a sua questão. Como fazer acontecer este festival? “Ainda não consigo explicar, é uma visão diferente, temos montes de coisas para fazer, ocupo o tempo todo. Todos os anos, aprendemos, todos os anos há novas soluções tecnológicas, todos os anos há evoluções em todas as áreas, e estamos sempre a par do que se vai fazendo.”

Impacto económico, “retorno explosivo”

A mesa da secretária de Joaquim Sousa, na Ritmos, tem papelada para tratar, recibos para arquivar. Tudo controlado, tudo organizado. A pressão aumenta à medida que se aproxima o dia de abertura. “Tenho de gerir os pedidos, pedem tudo com muita urgência, nem que seja um lápis, é tudo para ontem”, especifica. Está habituado, tem jogo de cintura, e a sua boa-disposição desarma qualquer um. Sabe lidar com o stress, sabe que emagrecerá uns quilos, e não admite que os mais novos lhe digam que lhes doem as pernas. A relação de confiança, comenta, é a base de tudo.

Joaquim Sousa orienta os pedidos, traz e leva bandas ao aeroporto. Está há 15 anos no festival

Há um antes e um depois do festival. A vila sabe, a vila sente. A Pastelaria Conselheiro tem bastante movimento, as suas broas de mel são famosas, o folhado com chila e amêndoa tem muita saída e, na altura do festival, investe em comidas rápidas, baratas, transportáveis – rissóis, pizas, hambúrgueres, cachorros, baguetes feitas na hora. Sílvia Silva, dona do espaço, sabe que o festival abana a vida da vila. “Sim, claro, mexe muito, antes parecia uma terrinha deserta. Mesmo assim, tivemos festivaleiros que nos fizeram uma visita no ano passado. São clientes do coração e é muito bom sentir esse calor humano”, afirma.

Tudo a postos a partir das sete da manhã, agora com as devidas alterações. “É outra dinâmica, trabalhamos de outra forma, temos de nos habituar a esta forma de estar.” Por vontade dos clientes, a porta nunca fechava. E a economia ressente-se pela positiva. “O festival faz movimentar toda a vila, segura alguns cafés para o ano todo”, salienta Sílvia Silva.

O Restaurante Miquelina está quase sempre cheio. “Passámos dois anos muito complicados, o festival é sempre um apoio para o ano todo, traz muito movimento e é aquela publicidade, pois há quem venha ao festival e depois regresse para conhecer Paredes de Coura de outra maneira”, constata Carlos Teixeira, gerente do restaurante que tem uma história longa. Aquilino Ribeiro mencionou o bacalhau à Miquelina, fundadora do espaço em 1890, no seu livro “A casa grande de Romarigães”. O espaço mantém a tradição desse bacalhau que é frito, depois confitado em azeite para ficar macio, servido com batatas fritas às rodelas, um pouco de cebolada, ovo cozido desfeito e salsa. Também serve truta do Coura, rojões, vitela, cabrito, arroz-doce e leite-creme queimado na hora. Carlos Teixeira sabe muito bem como são as coisas. “O festival é um apoio financeiro para o comércio local, a vila transforma-se totalmente.”

Os negócios ressentem-se da pandemia e agora recuperam o fôlego

Houve alturas em que o dinheiro das caixas multibanco se esgotava rapidamente nos bancos da vila, agora o reabastecimento não falha. Há conversas que dizem que o setor da restauração fatura sete ou oito vezes mais durante o festival e negócios que garantem que o festival representa 60% da faturação anual num ano bom. Os alojamentos esgotam semanas antes e os preços sobem de ano para ano. Há empresas ligadas à produção de eventos, catering, estruturas modulares, limpeza, que surgem a reboque do Paredes de Coura. É a Escola do Rock, atividades musicais, oficinas de teatro, os espetáculos e residências artísticas de “O mundo ao contrário”.

“O festival é um investimento muito concentrado num mês, gera um retorno explosivo, até imediato, há muito dinheiro a circular num curto espaço de tempo”, reconhece Vítor Paulo Pereira, presidente da Câmara de Paredes de Coura, que fez parte da organização do festival até 2009. “O festival é música, é entretenimento, e é também uma fábrica que produz investimento, que produz riqueza, e que deixa um lastro de experiências.” Em seu entender, é prova de que é possível “contrariar a fatalidade da geografia” e mostrar “o que as pessoas são capazes de criar.”

Apesar de tudo, a pandemia não derrubou negócios ligados ao festival. Segundo o autarca, ressentiram-se, sim, mas agora o festival poderá estancar o que chama de “melancolia económica”. Mas não é tudo. Afirma o território, projeta uma imagem positiva, aumenta a autoestima da população courense. É o retorno intangível, que não se mede. “O festival é a grande imagem de Paredes de Coura. Mas, quando acaba o festival, o território não morre, continua a viver de forma energética, não desaparece do mapa”, garante o presidente da Câmara.

O comércio na vila não tem mãos a medir nesta altura

Lá em baixo, no recinto, o planeamento de prevenção foi feito com tempo. “Mesmo sendo bastante trabalho, é um desafio”, destaca Cláudio Rocha, o comandante dos Bombeiros. Quando despir a farda, tentará estar no festival como público. “Gosto de música, gosto do ambiente, é uma grande vida para o comércio local.”

A história, a experiência, os concertos secretos

Maria da Luz confessa que nunca ligou a autógrafos. “Muitas vezes, entram na cantina e nem nos apercebemos que são artistas.” Todos são tratados de igual forma, servidos em louça que é louça, e não há entraves na comunicação. “Meio português, meio inglês, e entendemo-nos.” Há aqueles momentos. Um autógrafo de PJ Harvey, e terá sido o único naquele dia, num chapéu do festival que Maria da Luz guarda. Os elogios de Benjamin Clementine, no seu fato de bombazina, à cozinha.

Maria da Luz coordena 14 mulheres que tratam da comida na cantina instalada na escola primária da vila

Raúl Almeida, Pedro Alves e Pedro Lopes, engenheiros de telecomunicações da Vodafone, têm a planta do recinto numa folha com divisórias que parecem fatias de piza que só eles percebem. “Partimos o recinto em pequenas parcelas”, detalha Raúl Almeida. Nos últimos meses, planeamento ao milímetro para garantir a cobertura das redes móveis, do 2G ao 5G, quando são esperadas 25 mil pessoas no festival que acontece numa vila com cerca de nove mil habitantes. A estação temporária tem quase 30 metros e fará maravilhas nas chamadas, net, lives, gravações, vídeos, fotografias, partilhas nas redes sociais. Quer-se tudo na capacidade máxima, sabe-se que o tráfego aumenta quando os cabeças de cartaz sobem ao palco, monitoriza-se em tempo real a atividade digital dos festivaleiros. “Andaremos no meio das pessoas a perceber a experiência do utilizador, perceber na rede o que estão a ver”, pormenoriza Pedro Lopes.

É um trabalho delicado, nada pode falhar, é preciso ver o filme todo a cada segundo que passa. “Durante o festival, estamos cá a medir a frequência da rede”, diz Raúl Almeida. Há também técnicos nos escritórios de Lisboa e do Porto da Vodafone para qualquer eventualidade, a fazer pequenos ajustes, a gerir a distribuição em cada antena – e são dez. “Na vila, também aumenta a capacidade, quase triplica”, avisa Pedro Lopes. Há um plano A e um plano B para que a estação cheia de luzinhas, com gerador próprio, funcione em pleno.

A Vodafone instalou mais de 400 pontos de carregamento de telemóveis e tablets, dentro e fora do recinto, campismo incluído. Criou a App Vodafone Paredes de Coura para quem quer consultar o cartaz com filtros – por data, palco, artista – e para comprar bilhete. Assegura transporte entre o recinto e o centro da vila das 10 às 20 horas para quem tem pulseira. Este ano, com uma novidade, ou seja, o Vodafone Stage Cam que permite fazer uma chamada em live stream para os ecrãs do Palco Vodafone. Há ainda os concertos surpresa e exclusivos, que acontecem em lugares secretos e inusitados, para grupos de pessoas escolhidas aleatoriamente. São os Vodafone Music Session com artistas que fazem parte do cartaz.

Os engenheiros de telecomunicações potenciam as experiências digitais

O festival é também uma história de amor. Um grupo de amigos de Paredes de Coura, que gosta de música, que acompanha o que as bandas andam a fazer, seja onde for, decide criar um festival na sua terra, junto ao rio. “Sempre fizemos isto com muita alma”, partilha João Carvalho. Hoje, como no início, como sempre. Mas houve aquele ano, 2004, que choveu como nunca e tudo poderia acabar. Mas não. O cartaz de 2005 explodiu: Foo Fighters, Pixies, Queens of Stone Age, Nick Cave, The Roots, The Nacional, e aquele concerto dos Arcade Fire mágico e inesquecível. A decisão foi ir com tudo. “Se fosse para acabar, seria em grande.”

Maria da Luz tem planos para o último dia. Sairá da cantina para o festival, para a festa, depois voltará para limpar a cantina até às oito da manhã, mais coisa menos coisa. Desligará tudo e irá para casa. “O sacrifício vale a pena”, confessa bem-disposta. Para o ano, há mais. E o tempo não pára.