De formato redondo ou irregular, causam dor e dificuldades a caminhar quando localizadas em zonas de pressão do pé, devido à tensão exercida pelo peso do corpo. São mais frequentes em crianças e adolescentes.
Como surgem as verrugas nas plantas dos pés? Há um vírus responsável por esta condição. O vírus do papiloma humano (HPV) é o agente etiológico, um vírus muito frequente, responsável por um elevado número de infeções. “A maioria dos subtipos está associada a lesões benignas, tais como as verrugas, sendo estas as manifestações mais características e frequentes da infeção por HPV”, adianta Fátima Carvalho, podologista responsável pelo Centro Clínico do Pé de Amarante. “No entanto, existem vírus considerados de alto risco, pela maior probabilidade de provocarem lesões persistentes e de estarem associados a lesões pré-cancerosas”, acrescenta.
As verrugas, na verdade, podem localizar-se em qualquer ponto da pele, nas mucosas também, mas distinguem-se pela sua localização e morfologia e pelo próprio tipo de HPV. As verrugas plantares, nas plantas dos pés, têm um formato redondo ou irregular e podem causar dor e dificuldades a caminhar, sobretudo quando se encontram nas zonas de pressão do pé, por causa da tensão exercida pelo peso do corpo.
Falemos da aparência. “As verrugas plantares caracterizam-se por serem saliências duras, ao estarem circundadas por um anel de pele espessa, podendo apresentar uma superfície áspera, um aspeto esbranquiçado ou mais escuro e, normalmente, pequenos pontos negros (capilares trombosados) ao centro”, explica a especialista. Não são calos, são verrugas. “Apesar de se confundirem, muitas vezes, com calosidades, por apresentarem uma pequena formação queratosa, podem ser distinguidas pela tendência de sangramento em pequenos pontos, quando rompida a sua superfície”, sublinha.
As verrugas são resultado de uma infeção viral e podem surgir na planta dos pés
Estas lesões cutâneas desenvolvem-se quando o vírus entra no organismo, parasitando as células da epiderme e conduzindo a um aumento da sua proliferação, multiplicando-se nas camadas mais superficiais. Fátima Carvalho revela o que acontece. “O vírus penetra na pele, geralmente através de pequenos cortes, feridas, arranhões (que funcionam como portas de entrada) ou quando existem soluções de continuidade traumáticas da parte superior da epiderme, motivo pelo qual as verrugas são mais comuns nas zonas de traumas.”
As verrugas nas plantas dos pés são mais frequentes em crianças e adolescentes, podem ser transmitidas entre pessoas que frequentam os mesmos espaços sem proteção ou calçado, mas também por contacto direto e pelo contacto com objetos contaminados. Segundo a podologista, o contágio é mais comum em ambientes quentes e húmidos, como piscinas, balneários e ginásios, isto porque a humidade tende a amolecer a pele, o que facilita a entrada do vírus e o excesso de transpiração pode beneficiar o desenvolvimento das verrugas.
Perante os fatores de risco, é importante adotar comportamentos preventivos. Utilizar chinelos em locais públicos e húmidos. Não partilhar toalhas, calçado, meias, corta-unhas e outros utensílios e objetos pessoais. Evitar o contacto direto com as verrugas, uma vez que estas podem passar para outras partes do corpo. Uma correta e diária higiene do pé é imprescindível, o que deve incluir uma secagem eficaz sem fricção.
Sistema imunitário com poucas defesas favorece a infeção. Mas é possível que passem meses até surgir a verruga após a infeção, uma vez que o vírus pode permanecer em incubação
“A vigilância é também um ponto central, dado que, em caso de suspeita, é importante certificar-se que os seus familiares utilizam calçado em casa, de modo a evitar que toda a família entre em contacto com o HPV”, refere a podologista. Devido ao risco de transmissão, é possível o aparecimento de novas verrugas, mas esta patologia não deve ser tratada em casa, é essencial um acompanhamento podológico adequado e especializado. Além disso, uma vez que a opção de tratamento deverá ter em conta a localização da verruga e as suas características, é necessário um diagnóstico correto que se baseia no exame da pele e da verruga.
A laserterapia é apresentada como um tratamento eficaz, uma das opções terapêuticas indicadas para as verrugas nas plantas dos pés. “O laser terapêutico tem sido utilizado como um tratamento alternativo e não invasivo, com o objetivo de estimular a regeneração celular e acelerar os processos de cicatrização, apresentando resultados ao nível da redução da dor, bem como do inchaço e vermelhidão”, adianta Fátima Carvalho.
No tratamento das verrugas localizadas na planta do pé, a laserterapia atua no sentido de eliminar o vírus causador desta patologia, sendo necessária apenas uma sessão de laser para a sua extração. “Em várias áreas, têm vindo a ser introduzidas novas técnicas com o propósito de oferecer soluções mais eficazes, algo também notório na Podologia, que tem procurado inovar os seus procedimentos e equipamentos”, remata a especialista.