Escolhas culturais do músico Pedro Mafama.
O Povo no Panteão
Olhar as imagens do Artur Pastor dos anos 1940-50 é como se estivéssemos a encontrar pela primeira vez uma civilização única, esquecida, e que sobreviveu quase à parte de todas as outras. Se eu não soubesse que povo estava a ver naquelas fotografias a preto-e-branco, acho que passaria uns bons tempos a tentar decifrar o sítio do Mundo onde pertence esta gente: de onde serão estas mulheres totalmente cobertas de negro que olham a câmara com desconfiança? Visitar a exposição “O povo no Panteão”, no Panteão Nacional em Lisboa.
Povo que canta
Michel Giacometti recolheu e filmou o património da música popular portuguesa nos anos 1960-70 com a urgência de quem sabia estar a gravar algo que iria em breve desaparecer. A série “Povo que canta”, em pleno Antigo Regime, deixou-nos um rendilhado de tradições nascidas no mais precário Portugal que se pode imaginar. Se queremos conhecer o nosso país além do folclore e das ideias fabricadas e romantizadas pelo Estado Novo, este é o ponto de partida perfeito.
Béhen
As roupas e o universo criados pela Joana Duarte canalizam de uma forma linda, doce e inocente, um lado da cultura portuguesa que também junta em si vários mundos: a tradição têxtil, e, com uma agradável surpresa, a forma como ela se toca em alguns momentos com a tradição indiana e o mundo árabe. Os tecidos usados das roupas da Béhen formam um vibrante panorama.