Utensílio básico em qualquer cozinha, o açucareiro guarda açúcar, mas também parte da História de Portugal.
A primeira referência europeia ao termo açucareiro surge num inventário português de 1507. Era um artigo de luxo, pois o bem que guardava – o chamado “ouro branco” – era uma raridade, só acessível a muito poucos. Por isso, constava nos inventários dos bens das famílias mais abastadas. À data, açucareiro significava vasilha de barro, vulgarmente vidrada, para guardar conservas de açúcar ou de mel.
O aparecimento e a evolução do açucareiro ocorreram nos países europeus que dominaram a produção do açúcar, a partir do século XVI. Eis a relação com Portugal. Nesta época, a maior parte do açúcar consumido na Europa vinha do Brasil, colónia portuguesa.
O formato dos açucareiros evoluiu com o tempo e com o uso. Só no século XVII surgiu o hábito de levar o açucareiro à mesa, quando o consumo de bebidas como chá e café entraram na corte. A partir daí, as peças ganham duas asas e uma tampa e passam a ser cada vez mais requintadas para acompanharem os serviços de chá. Faiança, porcelana, prata, estanho e ouro, os materiais usados nos açucareiros vão evoluindo à medida que a moda se impõe entre as famílias mais endinheiradas da Europa. No Brasil, por exemplo, os açucareiros eram exclusivos da corte portuguesa. Nas regiões mais distantes, o adoçante era guardado em cabaças e outros vasilhames. Com a industrialização do açúcar, este utensílio de luxo assumiu novos formatos e vulgarizou-se. Os açucareiros sem tampa passaram a ser usados para o chá, adotou-se o polvilhador para adoçar frutas, mas o formato com tampa e colher continua a ser o mais prático e popular.