Depois do coral vivo que se usou no ano passado, 2020 promete tranquilidade em azul clássico. A cor que dita as tendências foi anunciada pela Pantone, a empresa americana que define a paleta que servirá de guia ao setor da moda e a toda a indústria gráfica.
Assumida pela psicologia como uma cor tranquila, o Classic Blue 19-4052 simboliza, diz a Pantone, “proteção, estabilidade, paz e segurança” rumo a uma nova era.
A partir do Porto, a investigadora da Modatex Isabel Moutinho interpreta a cor azul como “consensual e ambígua ao mesmo tempo, já que tem inspirado sentimentos nublados, como no estilo musical ‘blues’, em que os artistas falam sobre tristezas interiores, e também através da expressão ‘feeling blue’ que significa estar em baixo”. No entanto, “pode dizer-se que a aposta neste tom é uma escolha segura”. Para a profissional, o azul clássico associa-se “à contemplação, ao anoitecer que desde sempre acontece e esperemos que continue a acontecer, e à imensidão do mar”. Isabel nota ainda que o azul “amplia o nosso sentido de tempo e aumenta a produtividade. É um ótimo aliado para melhorar a energia”.
Como em quase tudo, não há verdades absolutas, e Isabel Moutinho lembra que existem outros organismos que se dedicam ao estudo da cor, podendo sugerir propostas diferentes da Pantone. “Endless blue” (Azul sem fim) foi o que chamou a equipa portuguesa da Intercolor à paleta escolhida, descrita como “atemporal”.
Considerada a maior empresa de tintas do Mundo, a Sherwin-Williams aposta no azul Navy SW 6244, a tonalidade do equilíbrio entre calma e ousadia. Já a WGSN, líder na previsão de tendências de moda e consumo, sugere “um verde e não um azul, mas que é igualmente uma cor fria”, frisa Isabel, obrigando a ler “nas estrelinhas”, ou melhor, a perceber os argumentos da escolha: trata-se do Neo Mint, um verde pastel, que acaba por alinhar na mesma urgência de dias mais tranquilos.
A escolha democrática
A consultora de imagem Sónia Cristina Paiva aponta o azul da moda como “opção elegante para agradar a todos os públicos”, assentando em peças básicas do guarda-roupa como vestidos, blazers e blusas. Além disso, “é uma cor informal em jeans e funciona em todas as estações do ano, aliada a botas altas para sair à noite ou a sapatilhas para um dia descontraído”.
Sónia garante que “a tonalidade funciona em visuais monocromáticos, combinada com tons neutros como branco”, ou conjugada com “cores marcantes como amarelo e laranja”. E, por se tratar de um tom clássico, imprime um efeito poderoso através de acessórios, “quer num look de ganga como num ‘total black’, em que uma bolsa azul vai ajudar a quebrar a seriedade e a dar um ar mais descontraído”, exemplifica, servindo a mulheres mas também aos homens, pois “há muito tempo que a moda masculina acompanha a feminina”.
No caso de não apreciar vestuário na cor de eleição, Sónia dá a dica. Aposte “em joias, bijutaria, tiaras, lenços, écharpes, bolsas, calçado”, ou seja, nos mais variados acessórios.