Um passarinho que é macho e fêmea

Texto de Filomena Abreu

Shirley Caldwell nunca ficou tão entusiasmada. A paixão pelas aves levou-a, há 25 anos, a colocar comedouros para pássaros no seu quintal só para os admirar. Contudo, de todos os visitantes que recebeu desde então nunca nenhum a deixou tão empolgada como a de um cardeal meio vermelho e cinzento, no mês passado. É que, pela primeira vez, ela encontrou um passarinho com as cores divididas exatamente ao meio do corpo.

Estava numa árvore, a apenas dez metros de distância de sua casa, na cidade de Erie, EUA. Só por si esse facto já era extraordinário para Shirley. Porém, quando descobriu que as cores da ave só eram assim porque era metade macho e metade fêmea, ficou em êxtase. O fenómeno é extremamente raro e acontece devido a uma condição conhecida como ginandromorfismo bilateral, o que faz com que parte do corpo do animal tenha características masculinas e outra parte tenha características femininas.

Apesar de não serem vistos com facilidade, estes casos não são novidade. Em entrevista à revista “National Geographic”, o ornitólogo Daniel Hooper explicou que a condição pode acontecer em qualquer tipo de ave, mas é mais fácil identificá-la quando, numa mesma espécie, machos e fêmeas apresentam plumagens de cores diferentes, como acontece com os cardeais, cujos machos têm penas avermelhadas e as fêmeas apresentam plumagem acinzentada.