Texto de Alexandra Tavares-Teles
É a mais nova de quatro irmãos, foi educada “com os valores da responsabilização, do empenho e do brio” por pais conservadores que estimulavam “a curiosidade pelo saber”.
Nasceu em Lisboa no Dia do Trabalhador, cresceu em Mafra, foi sempre “ótima aluna”. “Estudar era um gosto desde criança”, diz. Desejava então pilotar aviões. Passou-lhe. Aos 18 anos, escolheu a área de gestão e foi no ISCTE que se licenciou, fez mestrado e doutorou. Ali dá aulas (Métodos Qualitativos Aplicados).
“Não me imagino fora daquela casa.” Alia o gosto pelo ensino ao conhecimento do mundo real. Aos 41 anos, é assim que encara o futuro profissional. É assim hoje, somando o trabalho na academia à presidência da Direção da ADSE. Descreve-se “uma pessoa muito reservada capaz, no entanto, de se adaptar ao contexto”. Gosta de praia, de golfe – teve aulas -, de ir ao ginásio. Falta-lhe agora o tempo para os treinos de musculação e para a corrida, em tempos recentes rotina diária. “Corria dez quilómetros. O exercício físico relaxa-me. É muito gratificante.”
É viciada em Sudoku, o jogo baseado na colocação lógica de números. Gosta de resolver problemas. Vive dias tensos, na ADSE, num braço de ferro com os hospitais privados. Maria do Rosário Gama, ex-presidente da Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados, foi membro do Conselho Geral e de Supervisão, órgão consultivo da ADSE era Sofia Portela vogal da Direção (de março de 2017 a julho de 2018).
Lembra “uma senhora cautelosa, demasiado cautelosa, diria, nas negociações”. De poucas palavras. “Caladíssima. Respondia apenas ao que se perguntava.” E de muita reserva: “Ficava-se por um sorriso”. Maria do Rosário tem dúvidas. “Não sei se a presidente tem fibra e firmeza para esta dura negociação.” Mas reconhece tratar-se de “alguém com conhecimento aprofundado dos dossiês”. Completa: “Nem Eugénio Rosa deixava por menos”.
O economista Eugénio Rosa é o vogal do Conselho Diretivo eleito pelos representantes dos beneficiários. “Não vou pronunciar-me. Considerações pessoais podem estragar relacionamentos. Estamos num momento delicado.” Fernando Medeiros, ex-diretor de serviços da ADSE, conhece a casa de cor. É sócio da associação cívica 30 de Julho (data de publicação do Decreto-Lei 105/2013 de 30 de julho que atribuiu aos beneficiários da ADSE o seu exclusivo financiamento), movimento que junta beneficiários no ativo e reformados.
“A professora doutora não tem experiência de gestão prévia à ADSE. E a ADSE é um serviço que precisa de muita experiência na gestão.” Chegam-lhe ecos “de que há entre os trabalhadores da ADSE uma grande desmotivação”. Queixa-se de “alguma falta de diálogo da presidente”.
Preocupado, “mas confiante”, deseja uma negociação “firme e inteligente”. Sofia Portela responde. “Sou séria, rigorosa, procuro encontrar soluções que satisfaçam a minha missão, procurando sempre ter em mente a outra parte.” Pesa bem o que está em causa, mas é, por natureza, otimista.