Texto de Sara Dias Oliveira
O número de pacientes não é estável porque a população está cada vez mais velha e os casos de osteoporose aumentam naturalmente. A doença, associada à menopausa e ao envelhecimento, diminuiu a resistência dos ossos e, por isso, há mais risco de fraturas, sobretudo nas mulheres e nos idosos. Para impulsionar a investigação científica dessa patologia, que representa um grave problema de saúde pública, acaba de ser lançada a primeira edição da Bolsa de Investigação em Osteoporose.
Os doentes com osteoporose apresentam maior morbilidade, maior incapacidade e um risco aumentado de morte de 12%, quando comparados com indivíduos com semelhante perfil biológico e demográfico mas sem a maleita. A bolsa é mais um passo para o avanço do conhecimento da patologia. São dez mil euros para investigadores nacionais ou estrangeiros que desenvolvam projetos em instituições portuguesas. As candidaturas estão abertas até 31 de março.
A osteoporose afeta uma em cada cinco mulheres, depois da menopausa, e um em cada oito homens.
A comunidade médica quer saber mais sobre a osteoporose, recolher mais dados sobre o diagnóstico, o tratamento, a monitorização, o acompanhamento dos doentes, a epidemiologia, a qualidade de vida dos pacientes, os custos e a carga da doença. “É importante identificar os casos mais graves de osteoporose, tratá-los e reabilitá-los para contrariarmos a elevada incidência de fraturas nestes doentes. A existência de uma bolsa de investigação na área pode significar mais um importante passo nessa direção, tendo em conta que o número global de casos tem vindo a aumentar com o envelhecimento da população”, refere, em comunicado, António Tirado, presidente da Sociedade Portuguesa de Osteoporose e Doenças Ósseas Metabólicas (SPODOM).
A osteoporose diminui a massa óssea, deteriora a arquitetura do osso, aumenta o risco de fratura. E como a redução da densidade óssea é bastante comum na pós-menopausa, por causa da queda dos níveis de estrogénio, as mulheres são mais afetadas. A partir dos 30 anos, o corpo começa a perder osso, o que é uma situação natural do organismo. E, por isso, é necessário fazer compensações com mais ou menos cálcio.
De qualquer forma, por ano, contam-se cerca de 50 mil fraturas provocadas por osteoporose. “Devido à sua elevada prevalência e às consequências médicas que acarreta, são essenciais iniciativas de incentivo à investigação na área da osteoporose, como a bolsa que estamos agora a lançar”, afirma Luís Cunha Miranda, presidente da Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR).
“Estamos a caminhar na direção correta ao criarmos uma bolsa que impulsione a investigação e a construção de boas práticas numa doença que, devido às fraturas, leva a uma importante redução da qualidade de vida e a um aumento da morbilidade e mortalidade”, acrescenta Viviana Tavares, presidente da Associação Nacional contra a Osteoporose (APOROS).
Todos os anos, há mais de 8,9 milhões de fraturas no mundo, o que equivale a uma fratura osteoporótica a cada três segundos. Mais de 4,5 milhões acontecem na Europa e nos Estados Unidos.
A bolsa será atribuída a um projeto de investigação com a duração de um ano e são bem-vindas candidaturas de projetos de caráter interdisciplinar e a colaboração e parceria entre várias instituições. Há vários requisitos: candidatura redigida em português e em inglês não ultrapassando as quatro mil palavras, currículos dos investigadores, objetivos e metas, materiais e métodos a utilizar, calendário de execução, caderno de encargos.
Os projetos serão avaliados por um júri composto por três personalidades de reconhecido mérito em investigação científica e com experiência profissional e académica em Portugal e no estrangeiro. A decisão será revelada nos 30 dias seguintes à data de encerramento da aceitação das candidaturas.