Há mais pompons do que marinheiros: a surpreendente história das bolinhas farfalhudas

O objeto que é hoje indispensável a qualquer "cheerleader" serviu em tempos para os homens do mar protegerem a cabeça, em dias de ondulação agitada.

Qualquer “cheerleader” que se preze tem um – habitualmente, dois. Nos gorros também são um clássico. Já para não falar nas restantes peças de vestuário. Das camisolas às sabrinas, das malas para senhora aos brincos. A lógica é quase sempre a mesma: embelezar, colorir, dar um toque alegre e animado.

Mas os pompons nem sempre se reduziram a um adereço que se vai adaptando às diferentes indumentárias consoante as modas. No século XIX, por exemplo, os marinheiros franceses não os dispensavam nem por nada. E não era porque o globo felpudo desse um toque de classe ao uniforme. A verdade é que o facto de terem um pompom no topo da boina dava um jeitaço para proteger a cabeça… sobretudo quando a ondulação resultava em embates inesperados contra os mastros dos navios ou em cabeçadas nas portas de cabine particularmente baixas.

E se inicialmente os pompons, bem como as próprias boinas, até eram feitos e cozidos pelos marinheiros – que utilizavam as cores que bem entendiam -, em 1858 um decreto oficial da Marinha Francesa pôs ordem na casa: daí em diante, todos os pompons dos marinheiros franceses passariam a ser estandardizados, obrigatoriamente tingidos a vermelho.

Mas a história do pompom tem mais que se lhe diga. Desde logo porque, bem antes dos marinheiros franceses, crê-se que já os vikings os usavam, na Escandinávia, a partir dos anos 800. Depois, porque também os soldados se habituaram a que os pompons fizessem parte da indumentária. Há quem defenda que o faziam para tapar as costuras dos bonés e quem garanta que eram úteis na hora de limpar as espingardas.

O que parece consensual é que terão sido os húngaros os primeiros a usá-los. E que os chapéus altos, com pompons de diferentes cores em cima, depressa pegaram moda à volta da Europa (até as tropas napoleónicas se renderam). Curioso é verificar que a cor e a forma do pompom identificavam o regimento e o grau do soldado em causa.

Longe dos campos de batalha, o pompom também ia fazendo a sua afirmação. Na zona da Floresta Negra, por exemplo (uma cordilheira do sudoeste da Alemanha), as mulheres usavam chapéus com 14 pompons cada, com a cor a diferir consoante o estado civil: vermelho para as solteiras, preto para as casadas.

E se o traje tradicional da Escócia, por exemplo, sempre incluiu um boné com um pompom, estes tornaram-se ainda mais populares durante a Grande Depressão dos anos 1930. É que, ao contrário de outros adereços que custavam os olhos da cara, os pompons eram uma forma simples e barata de ornamentar a indumentária.

É também por essa altura que são adotados pelas claques universitárias. E se ainda restarem dúvidas quanto ao raio de aceitação dos pompons, basta ver que até à Igreja chegaram. Mais propriamente aos barretes, volta e meia usados pelos padres durante as celebrações.