Aurora Cunha: “a ingratidão é a pior coisa que se pode fazer a quem deu tudo”

Foto: Artur Machado/Global Imagens

Por Sara Dias Oliveira

Vejo bem… Tenho um dom que nasceu comigo, de estar sempre na linha da frente, de ser solidária com os outros. Sou frontal, digo o que penso. Sou contra as injustiças e o aproveitamento das pessoas que nos utilizam quando somos uma mais-valia. A ingratidão é a pior coisa que se pode fazer a quem deu tudo. Sou honesta. Ainda vivemos num Mundo onde não existe fair-play e ética. Vivemos numa selva onde vale tudo, a corrupção, o compadrio, o jeitinho. Há pessoas que não olham a meios para atingir os fins. Sempre lutei contra tudo isso. Sou humilde, sempre trabalhei. Sou muita amiga do meu amigo. E faço novos amigos com facilidade.

Vejo mal… Os meus defeitos trazem-me alguns dissabores. Digo o que tenho a dizer, não digo nas costas, digo na cara. Se vejo alguma coisa na rua, tenho de falar. Falo muito e falo um bocado alto. Vem do tempo em que trabalhei numa fábrica em que falávamos um pouco alto umas para as outras. Sou teimosa. Quando quero e acredito numa coisa, não desisto, mesmo contra o que pensam outras pessoas. E, às vezes, tenho razão. Detesto que me façam esperar. Faço sempre por chegar a horas. Acredito demasiado nas pessoas e é um defeito enorme. Dar tudo, confiar, e é preciso ter algumas reservas. Nos últimos 20 anos, dei a minha vida a pessoas que não mereciam. Entreguei-me profissional e pessoalmente e isso trouxe-me alguns dissabores, mas também algumas alegrias. Não sou rancorosa, mas não perdoo.