Rui Reininho: “Tenho um grande desequilíbrio mental, face aos cânones tradicionais”

Foto: Rui Oliveira/Global Imagens

Vejo bem… 1. Vendo-me ao espelho, não se nota nenhuma qualidade muito particular. Não me atreveria a citar nenhuma. Mas tenho alguns defeitos. 2. Sou frontal. E sou um homem coerente com os meus pensamentos e com a minha forma de vida, ao longo de mais de seis décadas. 3. Sou minimamente honesto… não totalmente. Já atravessei fora das passadeiras, já andei a mais de 120 [km/h] nas autoestradas. Há coisas em que manifesto a minha rebeldia, mas sou minimamente honesto. 4. Sou completamente apartidário e, no contexto nacional, isso é uma qualidade. É muito fácil ceder a tentações de interesses pessoais. 5. Gosto muito da imprensa escrita. Recebo em casa o JN todos os dias, bem cedo. Às vezes chego a casa de um concerto e ainda vou ler o jornal de madrugada. Nos tempos que correm, continuar a gostar da imprensa escrita é uma qualidade. Agora é tudo online. Para mim o papel continua a ser muito importante.

Vejo mal… 1. Defeitos tenho assim uns 750, mais ou menos. Alguns deles físicos. 2. E tenho um grande desequilíbrio mental, face aos cânones tradicionais. 3. Alguém me definiu como sendo tripolar. Reconheço que tenho uma personalidade fora e dentro do palco. E ainda uma outra que é mais antissocial. 4. Não tenho muita paciência para certas atitudes da humanidade. Aliás, tenho uma certa intransigência em relação à mesquinhez e à estupidez humanas. Talvez devesse ser um pouco mais tolerante relativamente a isso. 5. E depois há a preguiça. Costuma ser considerada defeito, mas para mim é um luxo, porque é uma arte. Tem de ser muito bem burilada e é uma coisa que eu tenho vindo a apurar. [risos]

Músico, 63 anos