Raquel Gaião Silva: 23 anos e o oceano nas mãos

António Pedro Santos/Global Imagens

Texto de Ana Sofia Reis

Raquel Gaião Silva foi a primeira portuguesa a vencer o prémio Jovens Investigadores atribuído pela Global Biodiversity Information Facility (GBIF). A jovem, de 23 anos, natural de Viana do Castelo, licenciou-se em Biologia na Faculdade de Ciências do Porto e acabou, recentemente, o mestrado internacional em Biodiversidade e Conservação Marinha na Universidade do Algarve e na Irlanda.

O interesse por essa área foi gradual. “Sempre foi difícil saber o que queria ser quando fosse grande”, revela Raquel, que desde pequena se interessava por diversas áreas. Da música à natureza, mas, mesmo tendo formação musical entre os seis e os 18 anos, foi para a segunda que acabou por pesar a balança.

O objetivo do projeto vencedor passava por “perceber como é que a temperatura da água alterava a distribuição das macroalgas na costa da Península Ibérica”. Para isso, recolheu diversa informação: as ocorrências ao longo do tempo (nas últimas oito décadas), a fisiologia da espécie e a temperatura. Fez diversas pesquisas, incluindo no GBIF, uma plataforma destinada a fornecer dados sobre todos os tipos de vida na Terra. Consultou e fotografou em vários herbários e consolidou tudo num mapa.

A primeira fase estava alcançada. E a verdade é que a abraçou com sucesso, pois foi escolhida como representante portuguesa no concurso mundial. Mas o melhor ainda estava para chegar, quando, no final de setembro, por e-mail, soube que havia conquistado o galardão internacional: “Li e reli o e-mail várias vezes. Fiquei mesmo muito contente”.

Antes de ter recebido o prémio, já estava a trabalhar na Bluebio Alliance. E por lá continua, onde desempenha “funções de comunicação, divulgação e gestão de eventos relacionados com a valorização sustentável dos biorrecursos marinhos”. Uma atividade que lhe permite conhecer o que Portugal está a desenvolver na área da biotecnologia e as soluções que estão a surgir e que tornam os produtos inovadores.

“Tenho participado em debates sobre, por exemplo, bioplásticos, sobre o potencial do cultivo de algas marinhas para imensos fins e de tecnologias que facilitam a transparência nos produtos que compramos”, realça.

O contacto de Raquel Gaião Silva com a sua realidade profissional é levado à letra. A bióloga tem no mergulho um dos passatempos preferidos, aproveitando esses momentos para conhecer “in loco” um mundo que a fez ser reconhecida internacionalmente.

E é na qualidade de investigadora que deixa um importante alerta. “Um mergulhador aprende a mergulhar, mas não aprende a ter cuidado com o ambiente quando o faz.” Palavra de especialista.