Isabel Sousa Pinto: o futuro da Terra nas palmas das mãos

Cristiana Milhão/Global Imagens

Texto de Pedro Emanuel Santos

Isabel Sousa Pinto é a coordenadora de um dos mais delicados dossiês das Nações Unidas. Nada menos do que um relatório sobre a biodiversidade – o conjunto de seres vivos das mais variadas espécies existente numa determinada região – que deverá dar pistas sobre o que fazer para evitar o descalabro ambiental, e não só, do mundo como o conhecemos.

Professora na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e investigadora no CIIMAR (Centro Interdisciplinar de Investigação Marítima e Ambiental), Isabel não deixou de dar aulas, apesar da tarefa que tem em mãos a nível internacional. Mas é à ONU que tem dedicado boa parte da vida.

“É um trabalho que exige muito do meu tempo, mas bastante compensador, dado o impacto que poderá vir a ter se os governos vierem a adotar as medidas que nele forem propostas”, assinala Isabel Sousa Pinto, 58 anos, que em março foi nomeada para encabeçar o grupo de estudos. “O trabalho é extremamente ambicioso e estará completo em 2020, ano em que as Nações Unidas o apresentará aos Estados-membros”, explica.

As andanças internacionais não são estranhas a Isabel Sousa Pinto, que, em 2000, começou por colaborar com a União Europeia.

O convite para ingressar num departamento das Nações Unidas surgiu em 2005 e as colaborações foram-se tornando cada vez mais regulares, até que, em março, assumiu a liderança do departamento da ONU encarregue de preparar e redigir o relatório da biodiversidade que vai marcar as próximas gerações.

A adoção dessas medidas é urgente e Isabel Sousa Pinto espera que o trabalho dê frutos concretos.

“Estamos a perder biodiversidade muito rapidamente. O grande objetivo é que o estudo abra pistas sobre o que será necessário fazer a nível global para que o desaparecimento dessa mesma biodiversidade consiga ser evitado a tempo”, sublinha.

A docente da Universidade do Porto está otimista em relação à aplicação prática das conclusões do grupo de especialistas que orienta. Embora tenha noção que, depois, a bola estará do lado dos governantes e que só esses poderão fazer algo concreto e urgente para que o planeta não se deteriore mais ainda e a vida continue sustentável.

“Gostaria, sinceramente, que o estudo seja depois passado à prática. Confio que tal venha a acontecer porque as questões climáticas subiram muito na agenda política ultimamente”, acredita.