Na noite de 30 de abril de 1994, a mãe de Kiran Sheik deu à luz o seu sétimo filho, sozinha, no chão da casa de banho. Escondia-se do marido, de quem era vítima de violência doméstica e, por isso, não pediu ajuda. Para que a criança não tivesse o mesmo destino, deixou-a numa cabine telefónica de uma rua em Newham, sudeste de Londres, no Reino Unido, nessa mesma noite e ligou para o orfanato mais próximo.
«Vou deixar o meu bebé aqui, por favor venham buscá-la», disse. Joe Campbell, um homem de descendência nigeriana, chegou ao local primeiro e levou a recém-nascida até ao Newham University Hospital. A polícia lançou um apelo para encontrar a mãe da bebé, mas só souberam do paradeiro da mulher dois anos mais tarde, quando deu entrada num hospital para dar à luz o seu oitavo filho.
Nessa altura, a pequena Kiran já tinha sido adotada por uma família paquistanesa e o seu herói continuava a manter contacto, enviando-lhe presentes, cartas e cartões de aniversário. Alguns anos depois o homem teve de afastar-se, a pedido dos serviços sociais. Quando completou 18 anos e soube todos os pormenores do seu passado, a adolescente procurou desesperadamente Joe Campbell para lhe poder agradecer pessoalmente tudo o que fez por ela. Já o encontrou e não podia estar mais feliz.
«O que ele fez foi tão doce. A vida que tenho é graças a ele. Tinha de tentar descobrir exatamente o que aconteceu naquela noite. Estou tão grata. A minha mãe e o meu pai foram incríveis, mas queria conhecer a minha identidade. Foi difícil, por isso é que me foquei em encontrar o homem que me resgatou na cabine telefónica», explicou Kiran Sheik citada pelo site Mirror.
A britânica nunca chegou a conhecer a mãe e desconhece o seu paradeiro. O pai está preso por tentativa de homicídio no Canadá depois de ter esfaqueado 30 vezes uma ex-namorada. Kiran Sheik só mantém contacto com um dos irmãos, Zoe, que também foi adotado e agora vive na Flórida, nos EUA. Os próximos objetivos são encontrar a mãe e outra das suas irmãs, Rebecca.