Crónica da mais bela profissão do mundo

Notícias Magazine

Mais cronistas, reportagens, entrevistas e uma série de formas de ver e explicar o mundo. Eis a sua renovada revista.

Quem é que pode estar na pele de um cozinheiro estrela, um escritor consagrado, uma atriz de Hollywood, uma apresentadora de televisão, uma modelo em início de carreira, um barão de 104 anos, um menino que já andou 2500 quilómetros a fugir da guerra na mesma semana? Um jornalista! Claro que isto é uma hipérbole. Um exagero. E como todas as figuras de estilo serve para melhor dar a entender, ou mostrar, o que se pretende dizer. E o que pretendo dizer é isto: o jornalismo é a melhor profissão do mundo. Mesmo que ameaçada pelos caminhos da gratuitidade, mesmo que sob o fogo cruzado das redes sociais, das bocas do Twitter às fotos do jornalismo-cidadão. O jornalismo, esta forma de ser curioso, olhar o mundo, explicá-lo e devolvê-lo com uma roupagem compreensível, é, continua a ser, a melhor profissão do mundo.

Não se amofine, caro leitor, com a bazófia. Nem tenha inveja. Olhe, aproveite! Goze, por interposta pessoa… Ou seja, ponha-se na pele dos jornalistas que fizeram esta revista. Pode fazê-lo folheando-a, primeiro. Linda, moderna, simples de seguir. Trabalho gráfico de quem a desenhou. Depois, leia-a. E leia-a do princípio ao fim. Primeiro porque vale a pena – tudo vale a pena quando a alma não se encolhe perante a curiosidade. Segundo porque a verdade, a verdadinha mesmo, é que a fazemos para si. Todas as semanas.

A revista que chega hoje às suas mãos parece nova. Mas tem também todos os ingredientes que a fizeram a sua preferida, aos domingos… e – ah, sabemos bem – durante os restantes dias da semana em que a sua leitura se prolonga. Tem as reportagens com o gosto e a profundidade a que o habituámos já há mais de vinte anos. Tem as entrevistas inusitadas, sem perguntas proibidas. E tem a opinião à solta, sem o cansaço dos temas políticos e económicos que enchem as páginas do seu jornal nos outros dias da semana.

Por falar em opinião, essa é uma área que sai reforçada deste restyling. Já deve ter visto, a última – e tantas vezes primeira na leitura – página, do Ferreira Fernandes. A Ana Sousa Dias passará a escrever todas as semanas as suas crónicas sobre as doçuras e as agruras dos dias. Os sexólogos Marta Crawford e Júlio Machado Vaz vão entabular uma relação epistolar – uma semana escreve um, na outra o outro – sobre… relações, indo estas, obviamente, muito além do sexo.

No campo da narrativa teremos José Luís Peixoto, que se junta à equipa uma vez por mês, no que alterna com Afonso Cruz – que desenha e escreve – e Ana Bacalhau – que escreve e instagrama. Não é fácil reunir tantos talentos de uma penada. Aliás, esta revista vale o seu peso, mesmo se só considerássemos este leque de cronistas. Mas temos mais. O nosso editor executivo e blogger Paulo Farinha faz a sua crónica sobre relacionamentos amorosos entrar na idade adulta, para falar de famílias e como viver e sobreviver com elas. E, finalmente, o cientista cínico David Marçal vai desconstruir muito do que se anda a confundir com ciência por aí, nomeadamente o que nos entra em forma de listas pelas redes sociais.

Com tudo isto, se calhar vale a pena rever o ditame inicial desta crónica. A melhor profissão do mundo não é ser jornalista. É ser leitor.

[Publicado originalmente na edição de 8 de novembro de 2015]