Confirma-se que vinho tinto e lagosta não combinam. A mariscada impõe-se nesta época, mas há que ter critério para atingir o pleno. Vamos lá escolher os vinhos para a cascaria?
Num estudo publicado há poucos anos, um laboratório japonês da poderosa holding Mercian Corporation, em Quioto, dava conta de que tinha conseguido identificar uma molécula que só se encontra no peixe podre, ao combinar vinho tinto com lagosta.
Nas coisas do gosto já sabemos que não se discute, mas o que sabemos da fisiologia do gosto permite-nos ir um pouco mais além e ter uma atitude mais esclarecida. De facto, o que acontece na boca quando mastigamos e bebemos vinho é a criação de novas moléculas, que não estão nem na comida nem na bebida. O sabor metálico desagradável que nos surge no palato quando prevaricamos e acompanhamos marisco com vinho tinto tem razão de ser, e é universal.
Molhos, acompanhamentos e tratamentos posteriores de forno ou tacho podem ajudar à ligação com o tinto, mas nós em Portugal, especialmente nesta altura do ano, gostamos do debulhe com as mãos e em boa companhia.
Somos o único povo que consome o marisco ao natural, sem artifícios, porque também dispomos de um parque natural de verdadeiras maravilhas marítimas. Sabor, intensidade e genuinidade são marcas do marisco das nossas águas, que pode-mos e devemos harmonizar com os bons brancos e rosés que já estamos a fazer.
Faça as suas experiências aceitando as nossas sugestões e não contemporize; escolha a melhor. Boas provas!
Publicado originalmente na edição de 6 de julho de 2014