Semear a inclusão a partir de uma loja online

Pessoas com deficiência produzem legumes e frutas biológicos, produtos de mercearia gourmet e coleções de cerâmica que se podem encomendar com um clique.

A loja online lançada há dias pelo Semear, a organização que visa a inclusão na sociedade e mercado de trabalho de jovens e adultos com dificuldade intelectual e de desenvolvimento, não é um espaço onde se compra “por pena”. É a prova de que com formação adequada podem produzir produtos de qualidade. E mais uma forma de tentar mudar mentalidades e semear a inclusão.

Em www.semear.pt é possível encomendar legumes e frutas biológicos e produtos de mercearia gourmet, como compotas, temperos, biscoitos e infusões que evitam o desperdício alimentar. Também lá se encontram peças utilitárias ou decorativas em cerâmica executadas pelos artesãos do Semear: a coleção Dedadas (que conta com o contributo das mãos dos formandos da academia), a coleção Família (tem os nomes do pai, mãe, avós e filhos como ícones centrais) e a coleção Primavera (evoca as formas da Natureza).

Não é uma loja para comprar “por pena”. Os produtos “têm qualidade e são competitivos com outros que existem no mercado, desmistificando o preconceito de que as pessoas com deficiência só conseguem fazer coisas fraquinhas ou de má qualidade”, assegura Joana Santiago, presidente do Semear.

A venda, acrescenta a responsável, “reverte integralmente para a formação e capacitação de mais pessoas com deficiência”. Por isso, “quanto mais vendermos, mais impacto teremos na sociedade”.

O Semear surgiu com a missão de “formar e capacitar pessoas com dificuldade intelectual e colocá-las no mercado de trabalho, para que tenham uma vida autónoma e feliz, sendo incluídos na sociedade com uma participação ativa”, diz ainda Joana Santiago, explicando que “a taxa de desemprego para pessoas com deficiência em Portugal é muito elevada, é seis vezes a taxa de desemprego normal”. Já a “taxa de emprego do Semear é de 83%, o que significa que o nosso modelo de formação e integração profissional tem sucesso e permite fazer mudança na vida destas pessoas”.

Ainda há “muito trabalho a fazer para abolir barreiras”, mas à organização não faltam projetos para tentar mudar mentalidades. Já no próximo ano, adianta Joana Santiago, vai avançar, em Oeiras, um “quiosque que será uma unidade de venda e serviço de refeições ligeiras, com música ao vivo, que também vai formar e empregar” jovens com deficiência.