Ligação entre felicidade e frequência sexual

(Foto: AdobeStock)

O "Consultório de sexualidade" desta semana, por Mafalda Cruz.

É possível ser feliz num casamento em que não há sexo?
Ana Esteves, pergunta recebida por email

Não deixa de ser irónico começarmos esta rúbrica sobre sexo a falar de falta de sexo. A verdade é que não é assim tão raro. Os estudos dizem-nos que cerca de 15 a 20% dos casais americanos vivem em relacionamentos sem sexo. E o que é isso? Algumas definições apontam para uma frequência de atividade sexual inferior a dez vezes por ano. Mas será que a frequência de relações sexuais é importante para a felicidade do casal? Sim, aparentemente é. De acordo com um estudo de 2015, o sexo tem uma correlação positiva com o bem-estar dos casais, e a frequência ideal para esta tal felicidade será de uma relação sexual por semana. Mas não nos vamos focar nos números, pois um casal pode ter sexo uma vez por ano e estarem ambos satisfeitos. É o que faz sentido para este casal e, nesse caso, não estamos perante nenhum problema. Esta questão torna-se problemática quando um ou ambos os elementos do casal estão insatisfeitos com a frequência de relações sexuais. Quando assim é, existe uma tendência para o isolamento, ressentimento e para que se desenvolvam sentimentos negativos em relação ao sexo, perpetuando o chamado ciclo de evitação sexual: quanto menos se tem, menos se quer ter.

É o que tem vindo a acontecer com muitos casais dos dias de hoje. Os fatores que mais contribuem para a existência de um relacionamento sem sexo são a ansiedade e o stress, excesso de trabalho, fadiga, problemas de saúde, a existência de conflitos na relação, assim como fatores culturais, religiosos ou socioeconómicos. O que fazer quando a ausência de sexo interfere com a felicidade entre o casal? A chave é a comunicação: os casais devem falar abertamente sobre os seus desejos e necessidades sexuais. Será importante que priorizem a intimidade (e não apenas o sexo) e que façam esforços para terem tempo um com o outro. Por outro lado, devem tentar variar as atividades sexuais e ter abertura para experimentar coisas novas (o chamado “reacender a chama”). Por último, poderão procurar ajuda de um profissional para ajudar a resolver estas questões e melhorar a relação.

Mafalda Cruz, radioncologista e sexóloga

*A NM tem um espaço para questões dos leitores nas áreas de Direito, Jardinagem, Saúde, Finanças Pessoais, Sustentabilidade e Sexualidade. As perguntas para o Consultório devem ser enviadas para o email [email protected].