O calçado pode fazer toda a diferença na hora de escolher um visual dos pés à cabeça. As marcas nacionais estão no topo das preferências. Conversámos com algumas figuras públicas que possuem cerca de meia centena de pares no armário. E uma certeza - são “o” acessório.
Pode um par de sapatos ser um “statement”, uma declaração? Pode. É a ideia que une as figuras públicas ouvidas pela “Notícias Magazine”, conhecidas pelo bom gosto no calçado, que, além do uso diário na vida privada, exibem na televisão ou em eventos públicos. Os famosos consideram que os sapatos podem mudar uma “atitude” e defendem que a roupa “até pode não ser tão fantástica quanto isso”, mas que o conjunto sapatos-carteira muda qualquer visual.
Percebe-se, pelas celebridades com quem falámos, que o calçado pode ser algo cultural, que passa de avó, mãe e filha e há, inclusivamente, quem tenha a primeira imagem desses acessórios… na primeira comunhão ou que até tenha um molde desenhado sempre que precisa de usar um par novo numa grande ocasião.
A paixão por estes acessórios é tanta que muitas das estrelas não sabem quantificar quantos sapatos têm no armário. Sónia Araújo, Liliana Campos, Maria Cerqueira Gomes, Flávio Furtado, Manuel Luís Goucha e Cláudia Jacques falam da sua experiência com o calçado e explicam porque é que os sapatos podem ser mesmo dos melhores amigos de uma cara conhecida dos portugueses. Palavras como “tendência”, “investimento”, “classe” ou “conforto” são essenciais na hora de escolher.
“Os sapatos servem como uma afirmação”
Aos 52 anos, Sónia Araújo é uma das apresentadoras de televisão mais reconhecidas em Portugal. O rosto de “Praça da Alegria”, na RTP1, ao lado de Jorge Gabriel, faz da elegância a vestir uma das imagens de marca, algo que também resulta da escolha de calçado. Além das emissões, diárias, nas manhãs, a partir dos estúdios do Monte da Virgem, em Vila Nova de Gaia, os acessórios sobressaíram nas suas consecutivas exibições em palco: quem não se lembra dos programas “Danças do Mundo” ou “Dança Comigo”, ambos na estação pública?
“O gosto por sapatos começou praticamente ao mesmo tempo que pela moda em geral. O calçado é indissociável das tendências de moda, são complementares”, diz a apresentadora, que acrescenta: “O sapato pode e faz muitas vezes o look ou serve como ‘statement’”.
No dia a dia, Sónia Araújo usa para trabalhar “calçado nacional, de uma forma geral,” que é fornecida pela marca Samelli (Calçado Sameiro), de Barcelos. “Uso pontualmente outras marcas, mas, essencialmente, calçado português.”
A comunicadora justifica a escolha: “Estamos ao nível do melhor que se faz em qualquer parte do Mundo e em termos tecnológicos fazemos parte da vanguarda”, além de que “o calçado português está sempre bem posicionado nas feiras de moda internacionais”.
Sónia Araújo só não se recorda de quantos sapatos tem no armário de casa. “Não sei quantos pares de sapatos tenho, mas são muitos”, refere, com um sorriso. “O meu trabalho proporciona-me estar a par das novas coleções e receber as tendências por parte dos patrocinadores.”
Relativamente aos acessórios preferidos, a apresentadora afirma que “depende da ocasião e do evento”. “Adoro a elegância de um stiletto, no verão gosto de sandálias, sejam elas de salto alto, de tiras finas ou rasas. E adoro botas, sejam mais clássicas ou desportivas. Para o dia a dia, não dispenso sapatilhas, que vão bem com quase tudo.”
A concluir, a comunicadora diz que o calçado é um acessório fundamental. “Os sapatos complementam o guarda-roupa. Pode mudar completamente um look ou uma atitude.”
Sapatos com joias Swarovski
De acordo com Sónia Araújo está outro rosto conhecido dos portugueses, Liliana Campos, 52 anos, a cara do “Passadeira Vermelha”, da SIC, o programa que conta as notícias sobre os famosos e que, por coincidência, elogia os visuais da cabeça aos pés. “Os sapatos são ‘o’ acessório principal de qualquer look”, salienta. Liliana defende que a roupa pode não ser tão fantástica quanto isso, mas o jogo dos sapatos e da carteira – “e não precisam de fazer pandã, bem pelo contrário” -, muda qualquer visual, “se forem sapatos clássicos, que se veja que marcam a diferença”. E dá a dica: “Quem pode fazer investimento, um bom par de sapatos vai marcar a diferença se uma mulher os puder ter no guarda-roupa”.
O gosto pelos sapatos surgiu quando Liliana começou a ter noção do que era estar na moda. “Não seguir as tendências, mas criar o meu próprio estilo e perceber o que me ficava bem, o que nem sempre é aquilo que está na moda.” A apresentadora lembra que teve “uma excelente professora”. “A minha querida mãe, uma senhora com muita noção de moda, muito clássica, chamou-me sempre a atenção para a importância de ter um bom par de sapatos ou, pelo menos, de estarem sempre limpos.”
“Um bom par de sapatos, assim como uma boa carteira, causam a diferença naquilo que temos vestido e é muito isso que faço hoje em dia: gosto de ter sapatos bons, boas carteiras”, assume.
Quanto ao jogo com a roupa, a apresentadora mistura muitas lojas e marcas mais low-cost, embora hoje em dia, “por preocupação com o meio ambiente”, já comece a comprar “não tanto em quantidade, mas em qualidade”.
Liliana Campos considera que o que é nacional é bom e conta como conheceu o criador Luís Onofre. “Tive a sorte de me ter cruzado com o Luís no início da carreira dele, quando estava a ganhar repercussões cá e a nível internacional. Fui entrevistá-lo e criou-se ali uma grande empatia, que mais tarde se tornou numa amizade. Foi a combinação perfeita.” E prossegue: “Sou muito fã das criações do Luís e tenho muito orgulho de ser uma das duas embaixadoras e usar as suas criações. Está quase a fazer 20 anos que uso calçado dele. Acho muito importante ser marca nacional e tento promover aquilo que é nosso”.
A comunicadora trabalhou largos anos ligada à ModaLisboa e ao Portugal Fashion e diz “perceber a importância para os criadores de se usar aquilo que é nacional”.
Com vário calçado “de eleição”, Liliana Campos destaca as sandálias que exibe nas fotografias da nossa reportagem: “Talvez eleja as que tenho na mão, têm uma altura que adoro. Gosto de sandálias altas – o Luís Onofre já não faz sandálias com este salto, porque não são práticas – e uso-as em momentos especiais”. A apresentadora ainda aprecia o recorte e a forma como a sandália assenta no pé: “Tenho o peito do pé alto e gosto de ver os meus pés com estas sandálias”.
Estes acessórios são, de facto, particularmente especiais e o rosto do “Passadeira Vermelha” explica porque pode “perder muito tempo a olhar para eles”: “São tudo cristais Swarovski, brilham imenso, são verdadeiras joias”. Liliana Campos acrescenta que tem o “privilégio” de ter algumas sandálias de Luís que são modelos únicos, que não foram desenvolvidas e que, assim, se tornaram exclusivas.
Liliana Campos não sabe precisar quantos sapatos tem no armário, mas sabe que a moda vai e vem. “Tenho sandálias, sapatos, botas, botins, que tenho o privilégio de receber do Luís há quase 20 anos. Houve uns que já estiveram na moda, deixaram de estar e voltaram a estar e outros que são uns clássicos e que se mantêm sempre na moda.” Uma palavra especial para os saltos altos. “Tenho aqui sapatos de 17, 18, 20 anos e outros mais recentes.”
“Gosto foi passado pela minha mãe e pela minha avó”
“Arrisco-me a dizer que 85% das mulheres gostam de sapatos e que o fascínio começa em pequenas. É algo cultural que passa de avó ou de mãe. Comigo foi um gosto que me foi passado pela minha mãe e pela minha avó”, confessa Maria Cerqueira Gomes. “Lembro-me que em pequenina ficava fascinada com os sapatos altos e andava a desfilar pela casa com uns sapatos enormes”, partilha a apresentadora da TVI, de 40 anos. Rosto de muitos programas do quarto canal, como o “Em Família”, ao fim de semana, ou, recentemente, o especial que acompanhou o casamento da infanta Maria Francisca, Maria resume desta forma a sua paixão por estes acessórios. Um interesse que é mais contido na hora de abrir o armário de casa. “Tenho poucos, mas bons. Todos os que tenho utilizo bastante, não gosto nada de ter coisas em casa paradas.”
“Os meus preferidos são os que são confortáveis. Sou uma mulher prática e preciso de me sentir confiante. Saltos muito altos tiram-me o foco”, sustenta a comunicadora que usa, com frequência, saltos altos no pequeno ecrã.
“Muitas vezes nem são acessórios, são os protagonistas. Uns bons sapatos fazem o look”, frisa ainda Maria Cerqueira Gomes, que usa, gosta e recomenda o calçado nacional. “Temos muita tradição. É uma indústria que tem raízes no norte de Portugal e que desde há uns anos conseguiu evoluir muito em termos de design e inovação. Sempre que posso utilizo marcas portuguesas, tenho muito orgulho no que temos vindo a construir e a conquistar nesta indústria”, remata a apresentadora da TVI.
“Lembro-me do calçado da primeira comunhão”
Há uma imagem da infância que Flávio Furtado não esquece, por ter sido de tal forma marcante no resto da vida. A primeira imagem que tem de sapatos a combinar com a roupa foi na primeira comunhão. Era um fato de veludo azul inglês, com calção, uma camisa e meias brancas e os sapatos eram a combinar com o casaco e os calções”, descreve o apresentador de televisão, de 46 anos. “Desde muito pequenino que tenho paixão por sapatos.”
Quanto à escolha, é múltipla. “Gosto de todos os que tenho, mas depende da situação: em eventos formais gosto de usar os ‘loafers’ e os ‘slippers’, sobretudo se forem de veludo, em viagens não abdico de umas boas sapatilhas e de uns bons sapatos confortáveis.”
Segue-se uma curiosidade relacionada com estes acessórios. Uma vez, quando estava numa viagem pela Ásia, Flávio apaixonou-se por uma marca e decidiu trazê-la para Portugal. Marcou uma reunião de um dia para o outro, mas só tinha levado sapatos desportivos e chinelos. “Tive de ir a um centro comercial comprar sapatos para ir a essa reunião”, afirma. A escolha acabou por ser muito peculiar. “Os mais engraçados foram umas sapatilhas All Star, da Converse, mas em pele branca.” Jurou que se a reunião corresse bem, passariam a ser um amuleto. E correu. Guarda-as há 18 anos porque lhe trazem boas recordações de uma grande mudança na sua vida.
Flávio Furtado usa, sobretudo, calçado fabricado em Portugal. “Desde há algum tempo uso uma marca nacional que se chama Art Cobbler Shoes: são eles que fazem grande parte dos meus sapatos.”
O atendimento, continua, é personalizado. “Tiveram o cuidado de fazer um molde do meu pé. Assim, quando preciso de uns sapatos para uma situação em concreto, digo de que material preciso, eles enviam catálogos de materiais e com base nesse molde fazem os meus sapatos.”
E quantos sapatos tem o comentador das galas de domingo do “Big Brother”? “Desde há uns seis anos só uso duas marcas de sapatos, uma é a que falei e a outra é italiana. Devo ter uns 70-80 pares de sapatos. Houve alturas em que tive mais, mas decidi oferecê-los, pois já não tinha onde os guardar.”
Flávio Furtado concorda que os sapatos são “‘o’ acessório”. “Quando me cruzo com alguém, olho para os sapatos, para as mãos e para os dentes.” Os sapatos podem dizer muito sobre as pessoas e sobre quem os calça. “As pessoas, às vezes, cuidam-se com o cabelo, a roupa, mas descuidam um pouco os sapatos. Olhando para os vincos, o material, as cores, a forma como estão polidos, os sapatos dizem muito sobre a pessoa.”
O apresentador de televisão chegou a lançar sapatos depois de, há uns anos, ter sido convidado por uma marca nacional para desenhar uma coleção cápsula, de 14 modelos. A apresentação foi feita na Avenida da Liberdade, em Lisboa, “e foi uma aventura muito engraçada”. “Tive o prazer de uma marca nacional me disponibilizar materiais para fazer uma coleção ao meu gosto, aconteceu uma vez, correu muito bem, mas, por falta de disponibilidade da minha parte, ainda não voltou a acontecer. Somos dos melhores a fazer sapatos no Mundo.”
“Há anos que cuido do meu visual”
Manuel Luís Goucha, 68 anos, revela à “Notícias Magazine” que “sapatos e roupa são ‘ferramentas’ de trabalho independentemente de gostar de moda”. “Portanto, há muitos anos que cuido do meu visual”, sublinha.
O popular apresentador do programa com o mesmo nome, nas tardes da TVI, usa “calçado fabricado em Portugal”. “Somos ótimos na indústria do calçado, competitivos e respeitados internacionalmente”, realça.
“Sei quantos sapatos tenho, claro. Tenho os indispensáveis para completar um visual de acordo com as exigências do trabalho”, adiciona o comunicador, que elege duas marcas: “Miguel Vieira e Mariano Shoes”. “Gosto muito.”
“Tive que contar sapatos para saber quantos tinha”
Apreciadora de moda em geral, Cláudia Jacques, 59 anos, associa a carreira na moda a uma das suas grandes paixões. “O gosto pelos sapatos começou quando, aos 18 anos, comecei a trabalhar como modelo depois de ter tirado o curso com a Laura Maria”, recorda a conhecida relações públicas. “Naquela altura, as modelos tinham de ter todos os acessórios para desfilar, sapatos, cintos, chapéus, colares, brincos. Então comecei a investir algum do dinheiro que ganhava em sapatos, sandálias, botas e assim começou o meu gosto por sapatos.”
Cláudia Jacques não tem sapatos preferidos, porque gosta sempre de usar “muitas coisas”. “Adoro saltos altos, mas já tenho muito menos resistência a usá-los, então sapatilhas são a minha preferência”, reconhece, ela que faz questão de optar por calçado português. “Como todos sabemos, é excelente. Aliás, é por isso que tantas marcas estrangeiras desde há muitos anos fabricam cá.”
No armário, a figura pública já teve mais sapatos – “tenho dado e vendido alguns porque estou numa fase em que quero tornar a minha vida mais leve em tudo, até nos armários” -, mas, ainda, assim, estima: “Devo ter uns setenta de verão e de inverno. Tive de os contar mais ou menos para vos poder responder”.
Para Cláudia Jacques, os sapatos são um acessório essencial para complementar o guarda-roupa. A mesma peça de vestuário usada com umas sapatilhas ou com uns saltos altos muda completamente. “Os sapatos acompanham as tendências de moda”, garante.