Figos, secos e naturais, com ou sem pele

Fruto com fibra e personalidade, a sua ação antioxidante previne o envelhecimento e protege o coração. É versátil na cozinha. Para usar em receitas doces, como substituto do açúcar branco.

Figos abertos, ao natural, com presunto e nozes por cima e regados com mel. Ou em saladas tal como são. Ou então cortados a meio e assados no forno com queijo, ou ainda esmagados em compotas ou em mousses, ou ainda caramelizados, ou secos. Como protagonista principal ou como acompanhamento. Em pratos salgados ou em sobremesas. Com sal ou com açúcar. A elasticidade deste fruto típico do outono, presença assídua nas mesas de Natal, é impressionante. Rico em fibras, vitaminas e minerais, os benefícios para a saúde são de ter em conta (especialmente numa quadra como esta, muito dada a excessos). Tanto na sua versão natural, como na sua forma seca.

Na terra, dão-se bem em países mediterrâneos com climas quentes, nascem com vários formatos e cores. Ricos e intensos no paladar, um cheirinho frutado difícil de ignorar. As suas virtudes são conhecidas, apresentam um baixo valor calórico, dois figos médios são qualquer coisa como 63 calorias. “São uma fonte de potássio, que pode atuar como protetor cardiovascular. Possuem também um importante teor de fibra que promove o bom funcionamento do trânsito gastrointestinal e contribui para o aumento da saciedade”, adianta Beatriz Vieira, nutricionista no Hospital Lusíadas Amadora.

O potencial do fruto é vasto. “Possui uma boa percentagem de vitamina C, ferro e fibras que ajudam o trânsito intestinal”, refere Fernanda Marques, nutricionista da Clínica Pilares da Saúde. “Em 100 gramas do fruto seco, podemos encontrar 360 mg de polifenóis, o que torna este fruto rico com um efeito antioxidante importante para a saúde humana”, acrescenta. Assim é.

Os antioxidantes ajudam a combater o stress oxidativo, ao proteger as células de danos causados ao organismo. Esse poder é imenso e a saúde agradece. Fernanda Marques aborda esse ponto nas suas diversas dimensões. “O consumo deste fruto está associado a estratégias de antienvelhecimento, anti-inflamatórias, cardiovasculares, hépato-protetoras, e estratégias preventivas contra doenças crónicas.” A nutricionista especifica. “O efeito antioxidante vai ser importante para reduzir os danos celulares dos radicais livres presentes no nosso organismo pela exposição às toxinas ambientais a que estamos sujeitos, ou muitas vezes pela própria produção interna do nosso organismo, como acontece no caso de algumas doenças como o cancro.” Benefícios em várias frentes, portanto.

Vitaminas e nutrientes, potássio e magnésio

Estima-se que existam cerca de 750 tipos de figos. Em Portugal, os mais comuns são os figos roxos, verdes e amarelos. Perante o cenário, o figo deve fazer parte da ingestão diária das três a cinco frutas recomendadas. Com um aviso, repara a nutricionista Beatriz Vieira. “Importa ter em consideração que os figos possuem um teor considerável de açúcar (16,3 g/100 g de alimento), sendo por isso importante ter em atenção a quantidade consumida.” Consumir sim, mas com conta e medida.

Frescos ou secos? Os primeiros duram menos tempo, os segundos passam por algumas etapas até chegar à mesa. “Os secos passam por um processo de desidratação, perdendo a maior parte da água da sua constituição. Durante este processamento, podem perder parte dos nutrientes. Ainda assim, são uma fonte de fibra, antioxidantes, vitaminas e minerais, nomeadamente potássio, cálcio, fósforo e magnésio”, garante Beatriz Vieira. A vitamina C perde-se na secagem do fruto, lembra Fernanda Marques, enquanto a concentração de açúcar e calorias aumenta. O melhor será intercalar entre figos frescos e figos secos. Sem exageros, com moderação.

Com ou sem casca? “É na casca onde se encontra uma maior quantidade dos compostos fenólicos da fruta, principalmente as antocianinas, por isso, é indicado consumir a casca deste fruto”, responde Fernanda Marques. Com pele, sim, porém, com os devidos cuidados, ou seja, lavar bem antes de comer, não vá haver resíduos de pesticidas usados durante o cultivo – nos biológicos isso não acontece.

Em todo o caso, ninguém é igual a ninguém, poderá haver situações de maior sensibilidade ou reações adversas. “Deverá ser considerada a existência de alergias, sintomas gastrointestinais, tais como distensão e dor abdominal e flatulência e problemas renais, uma vez que a casca dos figos contém oxalatos que contribuem para a formação de pedras nos rins”, revela Beatriz Vieira.

Mais um detalhe. “Uma curiosidade interessante é que chamamos de figo, na verdade, à sua flor e as suas sementes é que são os frutos”, observa a nutricionista Fernanda Marques. Mais um pormenor do fruto.

Voltemos à cozinha, a versatilidade culinária dos figos é amplamente reconhecida. Como entrada, como presença num prato principal, como sobremesa. Com muitos ingredientes cozinhados ou mesmo crus, com ervas aromáticas, queijos, mais frutos secos, em bolos e cheesecakes. Opções não faltam.

Dado o seu sabor naturalmente doce, segundo Beatriz Vieira, podem ser utilizados como substitutos do açúcar em receitas, não esquecendo o seu precioso contributo em fibra, vitaminas, minerais e antioxidantes. “Por serem ricos em açúcar, os figos podem ser utilizados em várias receitas em detrimento do açúcar branco, nomeadamente em sobremesas, smoothies ou barrinhas energéticas”, indica a nutricionista do Grupo Lusíadas. Em muitas receitas, na verdade. Até porque não é fruto esquisito, sempre disponível ao que se prende dele. Ora doce, ora salgado.