O objeto escolhido pela música, compositora, cantora Marta Ren.
“O gira-discos é o objeto que me acompanha há mais anos. Era a única forma de ouvir música em casa, sem ser a rádio. Aos quatro anos já tinha o hábito de chegar a casa e pôr os meus discos preferidos, o meu pai ensinou-me mil vezes como limpar os vinis com a esponja e como pôr a agulha minuciosamente para não os riscar, claro que com uma mãozinha de quatro anos nem sempre corria bem, mas desde muito cedo percebi que era um ritual sagrado. Passava horas a puxar a agulha atrás porque alguns dias queria ouvir a mesma música seguida até a minha mãe me chamar para jantar. Um dia gostava de ter uma aparelhagem como a que o meu pai tinha, mas o portátil tem me ajudado a manter o vício. Gosto de ouvir vinis, da sujidade (não no vinil) do som do vinil, do pequeno estalinho de pousar a agulha, do som tão característico que só um vinil tem. É um objeto familiar que me fez desde cedo estar só sem me sentir sozinha. Este ritual é um momento meu. Como ouço muita música desde sempre, acabo involuntariamente por assumir a escolha musical em situações especiais com amigos. Desde há um tempo para cá, ando a pensar em girar discos profissionalmente.”
Música, compositora, cantora
41 anos
