No dia do sono, falemos do colchão. Rodar, virar, aspirar? Eis algumas questões

Dormir bem não é adormecer em qualquer lado e tudo importa para um bom descanso. A almofada, o colchão, o estrado, bem como o peso e a estatura de cada corpo, entre outros detalhes pouco óbvios. A 18 de março, assinala-se o Dia Mundial do Sono.

Dormir não é apenas fechar os olhos, ficar na horizontal, e sonhar. “Os portugueses dormem pouco e mal. Uma pessoa que adormece em qualquer lado não está a dormir bem à noite”, observa Luís Ribeiro, especialista em descanso da Colchaonet, que trabalha com várias marcas na área da colchoaria. Ele percebe de colchões e no Dia Mundial do Sono, que se assinala a 18 de março, falemos de colchões e de outros pormenores que, não parecendo, têm a sua importância.

“Dormir não é uma vontade, é uma necessidade fisiológica para recuperar energias a nível mental e físico”, lembra Luís Ribeiro. O corpo e a cabeça precisam de dormir entre sete e nove horas. Quem garante que dorme quatro a cinco horas por noite e está bem não sabe bem o que diz. São rotinas que acabam por moer o corpo e roer a cabeça. E um colchão faz diferença na hora de dormir. Por isso, deve ser o mais personalizado possível. Não é apenas uma questão de gosto, há aspetos a ter em consideração.

Antigamente, dizia-se que o colchão tinha o modo verão e o modo inverno. Não era por ser mais fresco de um lado e mais quente do outro, isso era simplesmente um mito, e uma forma de obrigar a virar o colchão duas vezes por ano. O que atualmente se recomenda é muito mais do que isso com os devidos fundamentos. Virar e também rodar da cabeça para os pés de 15 em 15 dias nos primeiros seis meses de vida do colchão. Depois disso, a mesma operação de rodar e virar uma vez por mês até ao fim da vida do colchão. Com este procedimento, o desgaste será mais uniforme. Imagine-se um casal em que um pesa 120 quilogramas e o outro 60, o rodar e o virar do colchão impedem o típico amochar.

“O ideal de um bom colchão é termos o nosso corpo totalmente apoiado e livre de pressões.” Mas há uma série de fatores a ter em conta na arte de escolher um colchão. A relação entre estatura e peso importa. A zona geográfica onde se vive também. Se há alergias ou não. A higiene é um assunto com mitos associados, convém saber o que fazer, como proteger, como cuidar. Qual o tempo de vida? Aspirar ou não? Molas ou espuma?

Nos primeiros seis meses de vida do colchão, deve-se virá-lo de lado e rodá-lo da cabeça para os pés de duas em duas semanas

Oito a dez anos de vida, regra geral. No caso do colchão já não parecer confortável, não estar direitinho, a performance já não ser o que era, mesmo antes dos dez anos, então é necessário pensar em substituí-lo. De forma simplista, um colchão tem um núcleo e camadas de acolhimento. E, por exemplo, viver à beira-mar, com mais humidade, é diferente de viver no interior, onde há mais calor. Colchão com molas são mais frescos, colchões com espumas tendem a aquecer a cama em zonas mais frias. Se há alergias no historial clínico, convém olhar para um colchão com um núcleo mais fresco, de molas, de preferência.

A higiene é fundamental. Puxar a roupa da cama para trás, abrir a janela, deixar entrar ar para arejar o colchão pelo menos uma vez por semana. Até porque os corpos transpiram durante a noite. E aspirar? “Sim, aspirar, sobretudo na zona das costuras”, responde Luís Ribeiro. A proteção ajuda, portanto é necessário colocar um protetor, aquele primeiro lençol de material impermeável e respirável, não aquele plástico de antigamente que aquecia o colchão e ressoava o corpo. Agora há opções mais modernas e saudáveis.

Outros pormenores a reter até porque neste mundo, mesmo parecendo que não, está tudo interligado. A almofada deve ter em consideração a largura e a amplitude do ombro, se for demasiado alta, complica a vida à cervical. E o estrado? Um estrado fechado com aquelas tábuas de outrora? Nada disso. O mais aconselhável é um estrado em ripas, para deixar respirar.

Um colchão tem entre oito e dez anos de vida, regra geral. Depois, é melhor trocar

Há colchões com dois leitos e duas firmezas, para casais com diferentes comprimentos e pesos, mas não é uma situação generalizada. Por isso, pensa-se sempre na pessoa mais pesada. A pessoa mais leve precisa de um bom acolhimento, a mais pesada de um bom suporte. Antigamente, o colchão standard de casal media 1,83 de comprimento por 1,33 de largura, entretanto as medidas esticaram para 1,90, 1,95 e dois metros de comprimento para 1,40, 1,50, 1,60 e 1,80 de largura. O aconselhável é dar uma folga de dez centímetros tendo em consideração as alturas. E no caso de uma pessoa se mexer imenso durante a noite e acordar quem tem o sono mais leve? Os colchões já não fazem barulho ou não deviam. “Num colchão com um núcleo em espuma não há repercussão de movimentos”, explica o especialista em descanso.

A posição de deitar também conta para evitar problemas de coluna e de pescoço e não fustigar a zona lombar. De barriga para baixo? Não. Sobretudo para as mulheres por causa da pressão que o corpo exerce. De barriga para cima? Não. “O ideal é dormirmos de lado e não de barriga para baixo.” Para qualquer lado, direito ou esquerdo.

“No pós-pandemia, os portugueses começaram a valorizar mais o descanso e o dormir bem. O importante é regularizar as horas de sono, a higiene do sono”, realça Luís Ribeiro. Já se sabe que nada de ecrãs ligados pouco antes de dormir, nada de consumo de substâncias estimulantes antes de ir para a cama. Sossego e tranquilidade, portanto. “Os clientes ficaram mais exigentes depois dos confinamentos, passaram a valorizar muito mais o colchão.” Afinal de contas, sublinha, “ao comprar um colchão, compra-se descanso”.