“Metamorfose”, um projeto pelo fim da “maria-chuteira”

Kika Spricigo e Catarina Amaro são as mentoras do projeto Metamorfose

“Metamorfose” é um projeto com mais ou menos um ano que visa ajudar esposas de atletas a fintarem o estigma e a afirmarem-se. Coaching e consultoria de moda estão entre os serviços disponibilizados.

Há um certo estereótipo que se foi colando como lapa às esposas dos futebolistas: atraentes, vistosas, dedicadas exclusivamente aos filhos, mediáticas à custa dos maridos, para citar alguns predicados menos acintosos. Ao ponto de serem, quase indiscriminadamente, rotuladas de “marias-chuteiras”. Foi também com o objetivo de pôr fim a este estigma que Kika Spricigo (sim, esposa de Murilo, avançado do Gil Vicente, mas foquemo-nos nela, ou nada disto faz sentido) foi gizando a ideia do Metamorfose. Assim nomeado porque, como se descreve na página do Instagram, se pretende um “autoconhecimento de dentro para fora”. Sempre visando as esposas dos atletas, pois.

Mas recuemos dez anos. Até ao tempo em que, a acabar de completar um curso superior de Moda no Brasil, Kika se juntou com Murilo e o passou a acompanhar sempre que podia. Por lá, conheceu outras quantas esposas com quem começou a trabalhar, como personal stylist. Só que algo não batia certo. “Muitas vezes acabava a ouvir-lhes as dores. Muitas tiveram filhos muito cedo, sentiam que não eram bem aceites, não sabiam nem quem eram, até porque só eram conhecidas por serem a mulher do jogador. E comecei a sentir que no fundo só estava a enfeitar um bolo, que não estava a ajudá-las na essência.”

Também ela chegou a sentir-se perdida, admite. Por isso, há uns anos decidiu desenvolver um lado mais espiritual, das terapias holísticas, do coaching. E assim conheceu Catarina Amaro, coach que haveria de se juntar a ela neste projeto. “Aí percebi que precisava de agregar ao meu trabalho com a moda o processo de autoconhecimento.” Nascia então o Metamorfose, que propõe um programa de oito sessões, em que se aborda o perfil comportamental, os papéis desempenhados, a vocação. E a moda, claro. “Desde a primeira sessão estudo a pessoa, o estilo, para perceber de que forma pode passar a sua identidade através da roupa.”

Nalguns casos, o trabalho não termina por aqui. “Muitas vezes, no final das oito sessões, as meninas querem abrir o seu próprio negócio. E nesses casos também as ajudamos, através do nosso serviço de mentorias.” Outras vezes, ajudam-nas simplesmente a posicionar-se de uma determinada forma nas redes sociais. Ou por outras palavras: “A gente pega na mão da pessoa e ajuda-a a ir ao ponto que ela quer”. Rumo à metamorfose, desejam. “Este pretende ser o momento em que estas meninas evoluem e saem do casulo”, compara Kika.