Cuvetes de choupo. Da árvore à mesa

As cuvetes de madeira de choupo são 100% naturais, 100% portuguesas

Uma empresa estuda o processo, compra maquinaria, investe no produto. Resultado: recipientes de madeira resistentes ao frio e ao calor, reutilizáveis, batizados com nomes de cidades.

Deram-se várias voltas até ao arranque da produção, em dezembro do ano passado. A empresa familiar Madeiras Afonso, com sede e duas fábricas no distrito de Leiria, dedicada à exploração florestal, olhou ao redor e vislumbrou uma oportunidade depois de apalpar o pulso à ideia nascida em Itália, aprofundada em França. Cuvetes de madeira de choupo que aguentam o frio (-40 graus) e o calor (até 240 graus), não queimam as mãos quando saem do forno e do micro-ondas, que funcionam como recipiente para cozinhar e como prato. Analisou, testou, avançou.

As cuvetes de madeira de choupo, 100% naturais, 100% portuguesas, levam uma película de papel kraft de cozimento e são de uso único para a alimentação. E podem também ser usadas como elemento decorativo com várias funções. São reutilizáveis, portanto. Os recipientes podem ser lascados e usados como fertilizante do solo, como vasos com plantas de jardim ou aromáticas, cestos para canetas ou frutas, caixas de bolachas e de chocolates. Haja imaginação.

Ricardo Pinto, gestor da Madeiras Afonso, garante que a irreverência criativa irá continuar

Ricardo Pinto, engenheiro florestal, gestor da Madeiras Afonso, explica o processo da floresta à mesa sem qualquer tipo de tratamento químico pelo meio, a partir de um “recurso natural, sustentável e biodegradável.” “A árvore é desenrolada e moldada. É cortada em pequenos troncos até ficar uma folha A4 que é colocada na máquina.” E daí saem as cuvetes retangulares, seis formatos, seis modelos com os nomes de seis capitais: Lisboa, Washington, Madrid, Brasília, Luanda e Tóquio. Batismo com os olhos postos na globalização, mas, a breve prazo, a marca terá um nome ligado ao mar, aos Descobrimentos. “Foi da região de Leiria que saíram as madeiras para as primeiras caravelas portuguesas”, recorda o gestor.

“Somos a primeira empresa portuguesa a produzir este tipo de cuvete com madeira de choupo”, garante. Três meses de produção e os principais clientes são a indústria alimentar e os distribuidores. O consumidor final também pode comprar, através do Instagram da empresa, uma quantidade mínima de 20 a 70 unidades, consoante o modelo. “É um produto que vale o dinheiro que se paga por ele”, adianta Ricardo Pinto, sem revelar o valor. Já há encomendas a viajar por Portugal, Espanha e Holanda.

A empresa está atenta à reação do mercado e anda a testar o interesse da sua nova linha. Neste momento, tem tábuas de cozinha de madeira, personalizáveis, feitas à mão. Há mais objetos em perspetiva e planos ambiciosos. Levar as cuvetes a todos os continentes e alargar o portefólio. Da floresta à mesa e outros lugares.