Quatro amigos apaixonados pela vela compraram um barco e lançaram-se num projeto que era um sonho. Alugam ao dia e programam aventuras em que os clientes são parte da tripulação. E querem dar voltas ao Mundo.
Compraram o barco em 2020, um veleiro usado que remodelaram, mantiveram o batismo do antigo dono que apenas se riu quando lhe perguntaram, por curiosidade, a razão do nome Ângela. É uma história dele. Mudar poderia dar azar e Ângela ficou. Manuel Lopes, Daniel Vasconcelos, Nélson Machado e Anna Ornas, praticantes de vela há anos, uniram-se numa paixão comum e criaram a Azimuth Holidays. O veleiro fez-se ao mar em junho do ano passado.
“Durante a pandemia, tomámos a decisão de avançar. Enquadrava-se no que o mercado procurava, férias em ambiente controlado, uma alternativa segura”, conta Manuel Lopes, praticante de vela desde os seis anos, avaliador imobiliário para fundos de investimento. A empresa aluga o veleiro ao dia e programa viagens mais demoradas pelo Atlântico, a próxima será entre Vigo e Tenerife com partida a 9 de abril, nove dias no mar. Em setembro, outra viagem em direção a Cabo Verde e que termina no Panamá, três meses a navegar. Os clientes integram a tripulação com tudo o que isso implica, manusear o leme e a vela, cozinhar e limpar, entre outras tarefas, com direito a certificado de milhas náuticas no final. “Experienciam uma viagem atlântica e aprendem o que é fazer parte de uma tripulação numa viagem offshore.” Com conforto, em segurança, com ilhas e lugares paradisíacos para nadar e apanhar sol pelo caminho, com acesso à Internet em qualquer ponto do oceano.
O veleiro Ângela mede 15,4 metros, tem cinco quartos (cabines) e três casas de banho completas, parte sempre com um ou dois skippers profissionais, lotação máxima para 12 pessoas. Nos alugueres, são os clientes que fazem o grupo para passeios com amigos ou em família e o preço começa nos 910 euros por dia com direito ao pacote completo. Nas viagens atlânticas, os lugares são individuais. Se há pernoitas, a lotação desce para seis ou oito pessoas. Para férias relaxadas e despreocupadas por sítios inalcançáveis por outras vias.
O barco está atracado em Vigo. A Azimuth é uma empresa marítimo-turística portuguesa, a operar na cidade da Galiza, em Espanha. Por várias razões. Pelo plano de água, pelo ambiente de Natureza e também por causa da papelada. “Optamos pela simplicidade de Espanha em vez da burocracia em Portugal”, explica Manuel Lopes.
Os quatro amigos-sócios têm planos. “O sonho é aumentar a frota até cinco veleiros, três em Vigo como charters, e dois a fazer etapas pelo Mundo”, adianta Manuel Lopes. “É um nicho de mercado que queremos explorar porque a nossa paixão é velejar e queremos proporcionar essa experiência aos clientes”, acrescenta. O segundo barco poderá estar disponível ainda neste ano. O ano zero, de 2021, correu bem, acima das expectativas; 2022 já vai com 25% de ocupação garantida.
A costela solidária também une os quatro amigos. Neste momento, a Azimuth está a tentar estabelecer um protocolo com uma entidade de solidariedade espanhola para proporcionar um ou dois dias de passeios de vela por mês a crianças desfavorecidas ou institucionalizadas.
