Antes, durante e depois do parto. O pai, os filhos, e os seus mil e um papéis

Os homens estão cada vez mais empenhados em viver em pleno a sua experiência de paternidade

Presentes, participativos e colaborativos em todos os momentos. O pai é importante em todas e quaisquer circunstâncias – e a tradição já não é o que era. Paternidade ativa, em termos técnicos. Hoje é o seu dia.

Os tempos mudaram e a família tornou-se uma estrutura mais coesa e mais robusta, mais próxima e mais atenta. O papel do pai ao longo da gravidez, no parto e depois do nascimento, é fundamental a vários níveis. “Não só como apoio e suporte à mulher, com a qual partilha um projeto de parentalidade, mas porque ele próprio está a experienciar algo novo. Cada gravidez é única, seja para a mulher seja para o homem. Cada um com vivências diferentes, mas que se unem numa vontade comum de que tudo corra bem e que possam mais tarde recordar todo um percurso que os conduziu a um desfecho feliz”, afirma Bárbara Sousa, enfermeira.

Há evidências que não se podem negar. Os homens estão cada vez mais empenhados em viver em pleno a sua experiência de paternidade, têm consciência da importância do seu papel, sabem que podem cuidar e compartilhar responsabilidades na gestão da vida familiar. Um empenho visível no interesse e na vontade de pesquisar e preparar-se, nas conversas com amigos e familiares, na frequência de programas de preparação para o parto e parentalidade.

“Neste sentido, acolhê-los e integrá-los na abordagem da gravidez é uma oportunidade excelente de os conduzir positivamente nessa experiência, esclarecendo as suas dúvidas, validando informações obtidas e promovendo uma consciencialização, preferencialmente em casal, sobre aspetos que facilitem a adaptação à parentalidade”, sustenta Bárbara Sousa, que é também profissional das Conversas com Barriguinhas, iniciativa de âmbito nacional que esclarece famílias sobre temas importantes e dá conselhos práticos sobre as várias fases do período de gestação, de forma a explicar aos pais a importância do seu papel na gravidez, parto e pós-parto, e como podem apoiar e proteger a mãe e o bebé em cada uma das fases.

A ligação com o bebé ainda dentro do útero, familiarizando-o com a voz e o afeto paterno, é fundamental

Homens e mulheres participam em todos os domínios da vida familiar e têm as suas carreiras profissionais. É a igualdade de oportunidades a funcionar. “Educar crianças neste contexto, contribuirá para uma ‘pegada’ de mudança na forma de pensar e agir, que sendo reproduzida pelas mesmas no futuro, constituirá um forte contributo para uma sociedade mais justa para todos e todas”, sublinha a enfermeira.

Aparentemente, a afetividade vinculada ao papel paterno, a vontade de uma participação ativa na vida da criança, bem como a noção de que ambos os membros do casal podem compartilhar tarefas domésticas e cuidar, segundo Bárbara Sousa, redimensionam a participação masculina na família e promovem “relações de intimidade saudáveis, adaptando-se a diferentes funções e papéis dentro da família”.

A paternidade ativa tem vários caminhos. A gravidez é um deles. Bárbara Sousa dá vários conselhos aos pais para este belo momento da vida. Desde logo, potenciar a ligação com o bebé ainda dentro do útero, familiarizando-o com a voz e o afeto paterno. Manter, com a mãe, um ambiente favorável para partilhar dúvidas, sentimentos, receios. A ideia é conversar sobre tudo.

O contacto pele com pele é amor e cria um vínculo para a vida que nunca se desfaz

Tudo importa, antes e depois do nascimento. Em qualquer momento e ocasião. Bárbara Sousa recomenda planear os cuidados a ter com o recém-nascido, pensar nas suas necessidades, organizar uma rede de apoio para o pós-parto ou contratar ajuda especializada. A preparação para o parto também é muito importante e, por isso, pensar num plano, consoante as expectativas do casal, faz diferença.

E depois de o bebé nascer? “Continuar a acreditar na sua capacidade de cuidar e cuidar. Promover a sua ligação com o(a) filho(a) através do contacto pele a pele”, adotar um papel ativo no processo de amamentação, caso essa seja a opção (promoção de um ambiente favorável, ajuda nos posicionamentos mãe-bebé, ficar com a criança para a mãe descansar).

Há outras tarefas que se fazem com todo o amor. Acompanhar a criança às consultas de vigilância infantil como cuidador e, portanto, detentor de conhecimento. Usufruir da licença exclusiva do pai, uma possibilidade dos tempos modernos, e um tema que Bárbara Sousa irá aprofundar no evento online gratuito das Conversas com Barriguinhas no próximo dia 22 de março. “Estas são apenas algumas sugestões de atitudes e ações que tendem a consolidar uma vivência de paternidade ativa, alicerçando e construindo aquele que é um papel que se espera para a vida toda: pai”, conclui. Em caso de dúvidas e muitos receios, os progenitores devem também procurar aconselhamento junto de um profissional de saúde.