Agrafador: um bem-haja ao Rei Sol

No século XIX, a necessidade dos agrafadores alargou-se a toda a população

Rei francês apadrinhou a invenção do agrafador, ofuscando o nome do seu inventor. Base do modelo atual foi patenteada em 1866.

Se lhe falarmos de Luís XIV, em que é que pensa? Se tiver dúvidas, ajudamos a reavivar-lhe a memória. “O Grande”, o “Rei Sol” da farta cabeleira, o protagonista do reinado mais longo da história da Europa – nada menos do que 72 anos! -, um dos líderes de uma tendência incontornável de centralização de poder na era do absolutismo europeu. E o que tem isto a ver com o objeto que exibimos nesta página? Tudo.

É que foi precisamente a mando deste rei francês que foi criada a primeira versão do agrafador moderno, algures pelo século XVIII. Na altura, cada agrafo tinha o selo real e o rei poderia finalmente manter todos os seus decretos e documentos juntos. O nome do autor do engenho? Só um artesão não identificado (ou não estivéssemos a falar do Rei Sol…).

Depois, no século XIX, com o papel a tornar-se um bem amplamente acessível a toda a gente, a necessidade dos agrafadores alargou-se a toda a população e as patentes multiplicaram-se. Vale a pena recordar o autor de duas das primeiras, o americano McGill, que em 1866 criou uma versão bem funcional e a base do modelo que hoje utilizamos – no entanto, um pouco grande, pelo menos se o termo de comparação for o agrafador atual.

Mas a evolução deste objeto não passou apenas pela sua crescente diminuição. Com o tempo, os agrafadores passaram a prender desde livros a carpetes, passando, por exemplo, pelas caixas de madeira. E se dúvidas houver quanto ao seu sucesso, vamos aos números: em 2012, por exemplo, nos EUA, o valor da indústria dos agrafadores rondava os 80 milhões de dólares (70 milhões de euros). Um bem-haja ao Rei Sol.